Quando o marqueteiro do PT começou a ser investigado

O publicitário João Santana é alvo da Lava Jato porque os investigadores dizem ter indícios suficientes de que ele possui contas no exterior com origem não declarada.
João Santana começou a ser investigado em um inquérito sigiloso depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um manuscrito atribuído à mulher de Santana indicando contas dele fora do país. A informação sobre a apreensão foi revelada pela revista "Veja".
Quando a denúncia foi publicada, a empresa de Santana, Pólis Propaganda & Marketing, divulgou uma nota negando caixa 2. "O grupo recolhe todos os impostos devidos", diz o texto, que afirma ainda que a empresa jamais se envolveu "em nenhum tipo de ação ilegal".
"O Grupo Pólis possui agências autônomas no Brasil, e em outros países. As empresas  funcionam de forma independente, operacional e financeiramente. Não há trânsito de recursos entre elas. Valores recebidos de campanhas brasileiras sempre foram pagos no Brasil, e valores recebidos por campanhas no exterior foram pagos no exterior, seguindo as regras e a legislação de cada país", afirma a nota.
O publicitário João Santana, em foto de maio de 2012 (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo/Arquivo)O publicitário João Santana, em foto de maio de 2012 (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo/Arquivo)
Além de marqueteiro das campanhas, Santana chegou a ser conselheiro da presidente Dilmaem várias decisões de governo, chamado a participar de reuniões decisivas, com voz de influência em debates políticos no primeiro escalão.
Santana assumiu o marketing eleitoral de Lula depois da citação no caso do mensalão ao publicitário Duda Mendonça, absolvido em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a polícia, as investigações da Operação Acarajé apontam para o pagamento de vantagens ilícitas por um grupo empresarial a outro grupo.
Segundo a PF, os pagamentos, de cerca de mais de US$ 7 milhões, foram feitos em contas no exterior.
Zwi Skornicki
De acordo com as investigações, o engenheiro Zwi Skornicki era o representante do estaleiro Keppel Fels.
Os procuradores da República que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato afirmam que Skornicki era responsável por repasses ao PT por meio do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso desde 2015.
No acordo de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Skornicki continuou pagando suborno a Renato Duque mesmo depois de o ex-diretor ter saído da Petrobras. Ao todo, contou o ex-gerente, o representante da Keppel Fels teria pago US$ 14 milhões.
O MPF indica que Skornicki fez pagamentos ao PT e a Eduardo Musa, representante da Sete Brasil.
Ainda de acordo com o MPF, ficaram comprovadas, por meio de prova documental, as transferências feitas no exterior a partir da conta de Skornicki para contas controladas por funcionários da Petrobras.
Segundo os colaboradores, os pagamentos foram feitos em benefício de contratos bilionários feitos pela empresa Keppel Fels com a Petrobras e Sete Brasil.
Entre 25 de setembro de 2013 e  4 de novembro de 2014, há evidências, segundo os investigadores, de que Zwi efetuou a transferência de pelo menos US$ 4,5 milhões, por meio de nove transações, para conta mantida no exterior pelos publicitários João Santana e Mônica Moura.
A conta dos publicitários, em nome da offshore panamenha Shellbill Finance SA, não teria sido declarada às autoridades brasileiras.
O MPF afirma que há ainda evidências de que o Grupo Odebrecht, por meio de contas ocultas no exterior em nome das offshores Klienfeld e Innovation, já investigadas por pagarem propinas para Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, transferiram para a Shellbill US$ 3 milhões, entre 13 de abril 2012 e 8 de março de 2013, "valor sobre o qual pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras que foi transferida aos publicitários em benefício do PT", diz o MPF. (G1)
Share on Google Plus

About Jornalista Valéria Reis

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário