O
Brasil vive uma incógnita a respeito do seu futuro político e
econômico. Os últimos acontecimentos apontam para um “desgoverno”,
situação que dificulta a leitura e a antecipação dos próximos passos da
atual gestão, segundo afirmou a economista-chefe da Icatu Seguros,
Victória Werneck, e o professor e cientista político Francisco Ferraz,
no “Tá na Mesa” da Federasul, desta quarta-feira (30/03). Ambos
concordam que o país precisa de uma coalizão política somada a uma
reforma administrativa séria que resulte no pleno funcionamento das
instituições, caso contrário, todos os efeitos da atual situação se
assemelham ao famoso “remar pra trás”.
Para
o professor Ferraz é difícil traduzir as jogadas políticas e arriscar
uma antecipação de fatos do atual ou futuro governo. “A certeza que
temos é que a atual presidente ainda não governou o país”, analisou ao
afirmar que os brasileiros assistem a um verdadeiro “varejo de cargos”.
Os reflexos aparecem na economia, conforme pontuou a economista-chefe da
Icatu Seguros, Victória Werneck, ao descrever o país com sete
trimestres de PIB em queda, quatro bimestres seguidos de consumo
despencando, inflação acima dos 6,5% projetados e batendo a marca de
dois dígitos e desemprego crescente e em ritmo acelerado.
Os
palestrantes destacaram que é preciso responsabilidade, serenidade e
olhar para o futuro na condução das mudanças que se anunciam. “Temos que
ter estadistas que pensem no hoje, mas também no amanhã e no depois”,
disse o professor. Ao lembrar do atual rombo no cofre da União que
chegou à R$25 bilhões somente em fevereiro, Victória completou que para
mudar o cenário é preciso derrubar a inflação o mais rápido possível com
medidas dolorosas e reformas que passem por cortes de gastos,
“inclusive pelo enxugamento da máquina pública”, ilustrou lembrando que
nos Estados Unidos são 8 mil cargos comissionados e aqui temos 23 mil.
Para ela, o corte, pelo menos, retrataria a preocupação do governo em
buscar uma solução.
Os
conflitos políticos contribuíram para as quedas consecutivas do PIB e
um crescimento baixo em alguns setores. “Não ocorreram estímulos e os
próximos três anos serão para semear um recomeço”, avaliou a economista
ao dizer que pelo que parece “cada indivíduo está tentando sozinho ir
adiante”.
De
outro lado, as pessoas estão unindo força e indo para as ruas nas
manifestações sociais e em uma clara polarização de opiniões que,
segundo Ferraz, o resultado pode ser o enfraquecimento da democracia
participativa. “O povo está disposto a se governar”, alertou o
professor.
Ao
concluir a participação no “Tá na Mesa” da Federasul, Francisco Ferraz
resumiu que “vivemos uma cultura política de uma democracia mal
resolvida. Não nos interessa uma democracia de papel”, defendeu. Já
Victória definiu que a economia brasileira está ao lado do nevoeiro da
crise política. (Federasul). Foto: Ivan Andrade
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