Funcionários de 23 sessões estaduais do Ministério da Transparência,
Fiscalização e Controle pediram afastamento do cargo para pressionar
pela saída do ministro Fabiano Silveira, segundo o presidente do
Sindicato Nacional de Analistas e Técnicos de Controle (Unacon), Rudinei
Marques. Os servidores do ministério dizem que não reconhecem a
legitimidade de Silveira para permanecer no cargo após aparecer em
gravações criticando a Operação Lava Jato. Funcionários anunciaram que
farão um protesto em frente ao Palácio do Planalto na tarde de hoje (30)
para pedir a exoneração do ministro. Servidores
da extinta Controladoria-Geral da União (CGU) fazem ato em que pedem a
exoneração imediata do ministro da Transparência, Fiscalização e
Controle, Fabiano SilveiraAntonio Cruz/ ABr Em reportagem veiculada pelo programa Fantástico,
da TV Globo, o ministro aparece fazendo críticas à Operação Lava Jato,
que investiga irregularidades na Petrobras. Segundo o programa, as
conversas ocorreram na residência do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e foram gravadas pelo ex-presidente da Transpetro
Sérgio Marchado durante uma reunião no fim de fevereiro. Hoje
pela manhã, servidores do ministério, antiga Controladoria-geral da
União (CGU), fizeram uma lavagem das escadas em frente à entrada
principal do Ministério da Transparência. Eles bloquearam o acesso ao
prédio e depois seguiram para realizar uma “desinfecção” do gabinete do
ministro. O Unacon já vinha reivindicando, há duas
semanas, a revogação da medida que extinguiu a CGU, assim como a
exoneração de Silveira, mas, de acordo com Marques, as gravações
divulgadas agora foram “a gota d’água”. “Há um risco de que nosso
trabalho possa ser mal utilizado por ingerências políticas, devido às
ligações de Silveira com Renan Calheiros”, disse ele à Agência Brasil. Uma
das principais reclamações do sindicato é que, ao se transformar em
ministério, a CGU perdeu prerrogativas como a de ordenar a interrupção
da execução de programas de governo por causa de irregularidades. “O
Sr. Fabiano Martins Silveira, ao participar de reuniões escusas para
aconselhar investigados na operação Lava Jato [...] demonstrou não
preencher os requisitos de conduta necessários para estar à frente de um
órgão que zela pela transparência pública e pelo combate à corrupção”,
escreveu o Unacon em uma nota pública divulgada ontem à noite.
Nota
Por meio de nota enviada hoje (30) à Agência Brasil,
Fabiano Silveira disse ter comparecido “de passagem” à residência do
presidente do Senado, sem saber da presença de Sérgio Machado, com quem
não tem nenhuma relação pessoal ou profissional. Ele negou ter feito
qualquer intervenção em órgãos públicos a favor de terceiros. “Chega a
ser um despropósito sugerir que o Ministério Público [...] possa sofrer
interferências”, diz a nota. Segundo a assessoria do ministro, após ter sido procurado pela produção do Fantástico,
o ministro entrou em contato com o presidente interino Michel Temer e
seguiu para assistir a reportagem ao lado de Temer, que teria dito não
haver enxergado críticas à Lava Jato nas declarações de Silveira. Ainda
segundo a assessoria, Silveira não poderia, à época das gravações,
“sequer imaginar que se tornaria ministro”. Nos
áudios, Machado, Renan, Silveira e Bruno Mendes, advogado do presidente
do Senado, discutem a cobertura da mídia e estratégias de defesa
envolvendo a Operação Lava Jato. Em um dos trechos,
Silveira diz que a Procuradoria-geral da República (PGR) “está perdida
nessa questão”, ao comentar as investigações envolvendo Sérgio Machado
no âmbito da Lava Jato. Em um momento anterior da conversa,
Silveira parece orientar Renan Calheiros a não entregar à PGR uma versão
de sua defesa para os fatos investigados. “A única ressalva que
eu faria é a seguinte: está entregando já a sua versão pros caras da...
PGR, né. Entendeu? Presidente, porque tem uns detalhes aqui que eles...
(inaudível) Eles não terão condição, mas quando você coloca aqui, eles
vão querer rebater os detalhes que colocou. (inaudível)”, diz Silveira
nos áudios veiculados pela TV Globo. Em outra passagem, Renan se
demonstra preocupado com uma denúncia de que sua campanha teria recebido
R$ 800 mil em propinas ligadas à Transpetro. "Cuidado, Fabiano! Esse
negócio do recibo... Isso me preocupa pra c...", afirma o presidente do
Senado. A reportagem da TV Globo disse ter apurado que Silveira
serviu como emissário de Calheiros no contato com pessoas ligadas a
investigações da Lava Jato. As conversas entre Sérgio Machado e membros da cúpula do PMDB começaram a vir à tona há uma semana, quando o jornal Folha de S. Paulo publicou
trechos de áudios em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR). O
executivo teria gravado as conversas para negociar uma delação premiada,
pois temia ser preso na Lava Jato.ABr
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