O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, colocou no banco dos réus nesta quarta-feira o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, o Silvinho, e outros quatro acusados pelo Ministério Público Federal de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Moro entende que o MPF apresentou indícios suficientes para que Pereira, o responsável pelo fatiamento de cerca de 35.000 cargos no primeiro governo do ex-presidente Lula, seja levado a julgamento por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Os outros acusados que passaram à condição de réus são o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, e os executivos da empreiteira GDK Cesar Roberto Santos Pereira e José Paulo Santos Reis, os três acusados de corrupção ativa, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, denunciado por corrupção passiva.
Segundo a denúncia dos procuradores da Lava Jato, Silvinho Pereira recebeu propina ao receber de Pereira e Reis, da GDK, um jipe da marca britânica Land Rover, avaliado em 74.000 reais, em troca de benefícios à empreiteira em um contrato com a Petrobras na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, no município de Linhares (ES).
Silvinho, Duque e o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco teriam recebido 6,8 milhões de reais em propina da GDK, valor correspondente a 1,5% do contrato com a petrolífera. Delator da Lava Jato, Barusco não foi denunciado porque suas penas até agora, somadas, já atingiram o limite previsto em seu acordo de colaboração.
O lobista Fernando Moura, um dos delatores cujas declarações basearam a denúncia do MPF, afirma que coube a Silvio Pereira entrevistar e referendar a nomeação de Renato Duque à Diretoria de Serviços da Petrobras, em 2004, em troca dos serviços do diretor como captador de propinas ao PT. Moura teve o acordo de delação anulado ao assumir que mentiu ao dizer que o ex-ministro José Dirceu havia dado a ele a “dica” de sair do Brasil durante o processo do mensalão.
Conforme o magistrado escreveu no despacho em que aceitou a denúncia, “há indícios de que referida empresa era meramente de fachada, pois não manteve empregados no ano de 2009, e declarou apenas a existência de um funcionário entre os anos de 2010 e 2011”. Ainda de acordo com Moro, “há indícios de que esse valores pagos pela Construtora OAS, por meio de seu então dirigente José Adelmário Pinheiro, à empresa de propriedade de Silvio José Pereira, sejam propina”.
Em depoimento à Polícia Federal em Curitiba, em abril, quando foi preso na Lava Jato, Silvio Pereira justificou o recebimento de 80.000 reais da OAS pela venda de um pacote de cestas de natal para presentear clientes e funcionários da empreiteira e os 486.160 reais como referentes ao projeto de uma revista de culinária. Em um e-mail localizado pelos investigadores da Lava Jato, Léo Pinheiro, da OAS, pergunta “Caro Silvinho. Vc viu a proposta. O que achou?”. (Veja)Foto: Veja
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