Lideranças partidárias e assessores da Assembleia, tanto da base aliada quanto da oposição, especulam nos bastidores — desde a sessão extraordinária que aprovou parte do pacote do governador José Ivo Sartori (PMDB), ao final de dezembro do ano passado — quais serão os impactos políticos com a Presidência da Casa nas mãos do PT. Sobretudo, analisam o desafio de equilibrar as forças políticas no Parlamento gaúcho, que esteve por dois anos sob o comando de aliados do governador. Edegar Pretto (PT) deverá assumir em 31 de janeiro, se o acordo entre as grandes bancadas foi mantido.
“Vou fazer uma gestão muito responsável”, assegurou Pretto, em entrevista, nesta quinta-feira, logo após a posse da deputado Silvana Covatti (PP) como governadora em exercício, cargo que ocupará até segunda-feira.
Opositores ao governo, no entanto, têm expectativa de que Pretto modifique o comportamento do Legislativo em algumas de suas rotinas. “Temos a confiança de que haverá mudanças no tratamento dado aos projetos do governador. Principalmente aqueles mais polêmicos, que necessitam mais de debate do que de pressa. As presidências do PMDB e do PP não interpuseram contrapontos. Esperamos o restabelecimento da democracia interna”, analisa um assessor parlamentar.
Uma dessas expressões democráticas, descreve o deputado Pedro Ruas (PSol), é a liberdade de acesso às dependências e atividades, em especial, às sessões de votação, que tiveram severas restrições nos primeiros dois anos da administração de Sartori no Executivo. “Creio em melhores condições do que tivemos em 2016”, aponta Ruas. Por outro lado, governistas indicam que a ocorrência de problemas pelo acesso sem restrições poderá comprometer a gestão do petista. “Conhecemos o deputado Edegar, sabemos de sua conduta responsável”, pondera o ex-presidente Edson Brum (PMDB).
Ritmo da Casa é dado por dois colegiados
Apesar das especulações que se propagam com a proximidade da administração do deputado Edegar Pretto (PT) na presidência da Assembleia, analistas e aliados do petista advertem que o “poder do presidente é limitado”. “É muito diferente do que acontece no Congresso, onde tanto o presidente da Câmara dos Deputados quanto o do Senado, é que definem praticamente sozinhos a pauta de votação”, compara uma antiga servidora do Parlamento.
Na Assembleia quem define pautas e lista as matérias para votação são dois colegiados. “A Mesa Diretora e o colégio de líderes de bancadas. Aqui tem presidente, mas as coisas não operam em regime presidencialista”, comenta um assessor parlamentar.
Contudo, mesmo sem poder exercer influência definitiva sobre o andamento dos processos legislativos, opositores ao governo de José Ivo Sartori (PMDB) apostam na capacidade política de Pretto para redimensionar o equilíbrio das forças na Casa. “Há possibilidades de influência, que integram o campo da negociação política e que são prerrogativas da Presidência”, adverte outro assessor parlamentar.
Piratini muda estratégia
O Executivo estadual deverá modificar sua estratégia com relação aos projetos encaminhados à Assembleia Legislativa — inclusive aqueles remanescentes do pacote de 2016 — durante a gestão do petista Edegar Pretto na Presidência. A partir de 1º de fevereiro, governistas querem fragmentar a discussão e apreciação das matérias. O primeiro indício da mudança de comportamento no Piratini ficou evidente com o recuo do governo em chamar outra sessão extraordinária ainda na administração da aliada Silvana Covatti (PP).
Para o líder do governo, deputado Gabriel Souza (PMDB), “há pouca diferença em aprovar um projeto em janeiro ou em março”, comenta. “É claro que o governo gostaria de votar o quanto antes”, complementa. Questionado sobre o que muda efetivamente com o comando petista na Casa, Gabriel despista: “Ganhamos um voto no plenário, da deputada Silvana”, diz. (Correio do Povo) Foto: Juarez Junior/AL
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