O empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, não
pretende pedir habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) e nem
ficar calado caso venha a ser convocado a prestar depoimento à CPI do
Cachoeira no Congresso.
A afirmação é de seu
novo advogado, o criminalista Técio Lins e Silva, que passou a
representá-lo no início da semana. Ele substitui José Luis Oliveira
Lima, que permanecerá como advogado da J&F - holding que está
comprando a construtora. "Onde quer que seja chamado, ele comparecerá
para prestar a sua obrigação de cidadão, colaborando com as autoridades
ou com quem quiser ou com quem estiver investigando em qualquer área ou
instância", explicou o advogado. "Esse é o desejo dele".
Lins
e Silva fez questão de informar que, por enquanto, está apenas dando
assistência jurídica a Cavendish, pois o empresário "não é alvo de
nenhum processo penal, ele não responde a nenhum inquérito policial,
ele não é indiciado na CPI. Sobre ele, pessoa física, não há nenhuma
acusação. Portanto, ele não precisa de advogado criminal. Mas vou dar
assistência justamente para protegê-lo e ajudar a esclarecer as
acusações", explicou o advogado.
De acordo com o
criminalista, apesar da disposição em colaborar, Cavendish é hoje "uma
pessoa combalida". O empresário tem se queixado, inclusive, de ter sido
abandonado pelos amigos.
Além de ter se tornado um dos
protagonistas do principal escândalo político do momento, desde que a
Operação Monte Carlo da Polícia Federal revelou as ligações da empresa
com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira,
Cavendish passou por uma tragédia pessoal há menos de um ano.
Um
acidente de helicóptero no litoral da Bahia durante as comemorações
pelo seu aniversário matou sua mulher, Jordana, e mais seis pessoas. A
tragédia tornou pública a relação de intimidade entre o empresário e o
governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), que acompanhava o
empresário nos festejos em um resort de luxo.
A
divulgação de fotos de outras festas e jantares de Cavendish e Cabral
em Paris e Montecarlo tornou o peemedebista um dos governadores cotados
a depor na CPI. "Ele perdeu a mulher e está tendo que cuidar de duas
crianças. Também perdeu a empresa, perdeu muitos amigos, que, por
incompreensão, se afastam nessa hora. Ele está em condições emocionais
muito precárias. É uma pessoa combalida pelos acontecimentos. Mas ele
tem uma personalidade muito forte e vai conseguir sair dessa", afirmou
Lins e Silva. Estadão
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