Brasília – A reunião de hoje (26) da Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) do Cachoeira, destinada à oitiva de testemunhas,
acabou se transformando em mais um embate entre oposicionistas e
governistas. Enquanto o relator da comissão, deputado Odair Cunha
(PT-MG), insistia em saber detalhes do serviço de reforma prestado pelo
arquiteto Alexandre Milhomem à mulher do empresário, Andressa Mendonça,
alguns deputados diziam que era desnecessária a convocação dele. O
arquiteto confirmou ter sido contratado por Andressa.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) questionou por que o relator
retirou de pauta a convocação do empresário Fernando Cavendish,
ex-diretor da matriz da empresa Delta. "É uma vergonha para essa CPI
que não tenhamos convocado o senhor Fernando Cavendish e estejamos aqui
ouvindo um arquiteto", disse. "É uma brincadeira essa convocação."
"Não vamos convocar o senhor Fernando Cavendish, que diz que compra
senador por R$ 6 milhões. Ele tem quer vir aqui dizer qual senador
comprou, e não o arquiteto vir aqui falar sobre papel de parede",
reclamou o parlamentar paranaense.
O senador Pedro Taques (PDT-MT) também criticou a convocação do
arquiteto. "O relator deveria explicar o porquê das perguntas, porque
nós não conseguimos ainda entender."
Outra convocação defendida por integrantes da comissão foi a do
ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(Dnit) Luiz Antônio Pagot.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) aproveitou para criticar o
relator e acusá-lo de direcionar as investigações para o governo de
Goiás. "O papel que Vossa Senhoria está fazendo deprecia essa CPI. É a
primeira CPI na qual me sinto diminuído de participar", disse Sampaio.
A deputada Iris de Araújo (PMDB-GO) defendeu o relator e afirmou
que o foco em Goiás faz sentido, na medida em que toda investigação
aponta para a infiltração de Cachoeira na estrutura do governo do
estado.
"O relator está sendo acusado de direcionar seu olhar, sua
investigação, para o estado de Goiás. Mas as pessoas se esquecem que o
governador [Marconi] Perillo veio aqui, falou o que quis dizer,
terceirizou muita coisa e não explicou nada."
Segundo Iris de Araújo, o relator tem que buscar provas. Para ela,
todo e qualquer assunto que for abordado na CPMI chegará a Goiás, "como
todos os caminhos levam a Roma." "Lá é que está infiltrado esse crime
que está tomando conta [do país] e tem tentáculos no Brasil inteiro",
disse a deputada. Ela protestou contra o silêncio de duas testemunhas
ligadas a Perillo, que compareceram à comissão amparados por habeas corpus concedidos pelo Supremo Tribunal Federal. ABr
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