O Supremo Tribunal Federal julga a partir desta quarta-feira o chamado
“núcleo político” do mensalão, do qual fazem parte o ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro
do partido Delúbio Soares. O relator do processo, Joaquim Barbosa, deve
condená-los sob o argumento de terem comprado parlamentares no governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
O voto do relator vem
embalado pela divulgação da íntegra nesta terça-feira (2) do voto do
presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto, referente ao capítulo
anterior. Filiado ao PT no passado, Ayres Britto antecipa em seu voto o
que deve ser decisivo para condenar Dirceu: o relacionamento do
ex-ministro com o operador do mensalão, o empresário Marcos Valério. O
ex-ministro da Casa Civil disse em sua defesa que não mantinha contato
com Valério.
Outro fato que deverá ser citado, a começar
por Joaquim Barbosa, para condenar Dirceu é a ajuda financeira dada pelo
grupo de Valério à ex-esposa do então ministro Ângela Saragoza. Ela
teve ajuda de réus envolvidos no mensalão para conseguir um empréstimo
no Banco Rural e um emprego no BMG. Na mesma época, Ângela vendeu seu
apartamento para o ex-advogado da SMPB Rogério Tolentino, já condenado
por lavagem de dinheiro.
Assim como Britto, o voto do
ministro Celso de Mello, na sessão de segunda-feira (1), já indicava as
remotas chances de absolvição de Dirceu. O decano da Corte foi explícito
ao dizer que o esquema de corrupção partiu de altas instâncias do
governo.
Além da relação entre Dirceu e Valério, os
ministros devem levar em consideração os depoimentos prestados ao longo
das investigações em que Dirceu é apontado como um dos responsáveis por
avalizar os acordos políticos com as cúpulas dos partidos beneficiados
pelo mensalão. As negociações, conforme depoimentos, ocorriam inclusive
no Planalto. Esse envolvimento nos acertos políticos deve ser usado para
desqualificar a alegação de Dirceu de que desde a sua posse na Casa
Civil, em janeiro de 2003, afastou-se do dia a dia do PT. AE
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