Ministros de Finanças do G20 (grupo das principais economias
avançadas e em desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte) se reúnem em
Moscou em meio a preocupações de que as principais potências comerciais
do planeta se encaminham para uma "guerra cambial".
O termo é usado para se referir ao fato de alguns países manterem
suas moedas desvalorizadas de maneira artificial, tornando as
exportações mais baratas e competitivas e provocando um efeito negativo
em países com moedas mais valorizadas.
Os temores aumentaram pelos movimentos recentes do iene e do euro.
Desde novembro passado, o iene caiu mais de 15% em relação ao dólar,
resultado da política monetária.
No caso do euro, houve valorização de 6% em relação a uma cesta de moedas nos últimos seis meses.
Em ocasiões anteriores, o G20 já tinha pedido que os países evitassem intervir nos mercados.
No início da semana, o G7 (grupo das principais economias
desenvolvidas) reiterou em um comunicado seu compromisso com taxas de
câmbio determinadas pelo mercado.
Ontem (14) o ministro de Finanças da Rússia, Anton Siluanov, disse
que o seu país, que recebe o encontro do G20, também está considerando a
divulgação de uma declaração similar.
O encontro do G20 ocorre em um momento em que várias das maiores economias do mundo ainda lutam para recuperar o crescimento.
Dados divulgados ontem indicam que o Japão, a terceira maior
economia do mundo, continua em recessão. O Produto Interno Bruto (PIB)
encolheu 0,1% no trimestre encerrado em dezembro em relação aos três
meses anteriores. Foi a terceira retração consecutiva do país.
Na Europa, a recessão também se aprofundou no último trimestre de
2012. A economia dos 17 países da zona do euro encolheu 0,6% no quarto
trimestre, a maior queda desde o início de 2009.
As economias da Alemanha, da França e da Itália, as maiores da zona do euro, encolheram mais do que o esperado.
Esses resultados geraram temores de que os países que continuam a
enfrentar dificuldades econômicas possam desvalorizar suas moedas para
tentar impulsionar o crescimento.
Em uma reunião de ministros de Finanças da zona do euro, o
representante da França, ministro Pierre Moscovici, disse temer que a
valorização da moeda única esteja tornando os produtos da região menos
competitivos, declaração que foi vista por alguns como sinal de que a
União Europeia poderia cogitar medidas para desvalorizar artificialmente
o euro.
Antes da reunião do G20, o presidente do Banco Central do Japão,
Masaaki Shirakawa, disse que a instituição pretende manter sua política
monetária.
"O Banco do Japão está conduzindo uma política monetária com o
objetivo de alcançar estabilidade na economia japonesa. Vai continuar a
fazer isso", disse.
Para alguns analistas, entretanto, o Japão não está agindo
deliberadamente para enfraquecer sua moeda. "O Japão parece estar agindo
por razões econômicas, como enfrentar a deflação", diz a analista
Frances Hudson, da Standard Life Investments.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que os países estão
adotando políticas para tentar retomar o crescimento e classificou de
"exagerados" os temores de uma guerra cambial.
"Nossa avaliação multilateral não indica diferenças muito
significativas na valorização das moedas de referência", disse o
porta-voz do FMI, Gerry Rice. ABr
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