Se todos os presidenciáveis tivessem o mesmo grau de conhecimento
pelo eleitor, a presidente Dilma Rousseff continuaria franca favorita,
mas, no PSDB, o senador Aécio Neves (MG) alcançaria um potencial de voto
equivalente ao do ex-governador José Serra. O mineiro chegaria a 41% de
eleitores que poderiam votar nele, ante 42% do paulista. É o que mostra
pesquisa nacional sobre a sucessão de 2014 feita pelo Ibope a pedido do
Estado.
"Apesar de os dois estarem tecnicamente empatados quando excluímos
quem diz desconhecer os candidatos, Aécio teria mais espaço para
conquistar novos eleitores", diz Marcia Cavallari, CEO do Ibope
Inteligência. O teto de Serra é mais baixo porque ele é conhecido por
86% do eleitorado e tem 50% de rejeição. Para Aécio, essas taxas são de
61% e 36%, respectivamente.
A rejeição a Serra aumentou muito desde abril de 2010, quando ele
disputava a eleição presidencial pela segunda vez. Foi a última vez que o
Ibope mediu o potencial de voto do tucano usando a mesma técnica
empregada desta vez. Na época, só 32% dos eleitores diziam que não
votariam nele de jeito nenhum.
Quando se recalcula o potencial de voto excluindo-se quem não conhece
os candidatos, todos os presidenciáveis ficam em uma mesma base
comparável, como se fossem igualmente reconhecidos pelo eleitor, explica
Marcia. Nesse cenário, Dilma chega a um potencial de 79%. Marina Silva
(sem partido) fica em segundo lugar, com 50%. As taxas somadas superam
100% porque há eleitores que admitem poder votar em mais de um
candidato.
Não por acaso, as duas candidatas têm a maior sobreposição de
eleitores entre todos os nomes testados pelo Ibope. Nada menos do que
41% dos eleitores que dizem que votariam em Dilma falam o mesmo sobre
Marina. Isso indica que a ex-senadora tem o maior potencial de
crescimento caso a presidente perca popularidade.
Isso implicaria, entretanto, uma reversão da tendência do eleitorado.
Dilma tem uma rejeição menor hoje do que tinha em abril de 2010, quando
disputou a Presidência pela primeira vez. Na época, 34% diziam que não
votariam nela de jeito nenhum. Na atual pesquisa, essa taxa está em 20%.
Para a CEO do Ibope, só há duas hipóteses para a rejeição a Dilma
aumentar: um descontrole da economia que possa ser sentido no bolso pelo
eleitor, ou a eventual necessidade de racionamento de energia elétrica -
como ocorreu em 2001, o que afetou a avaliação do então presidente
Fernando Henrique Cardoso. AE
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