A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis
procedimentos para investigar as acusações feitas pelo empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza no depoimento prestado em 24 de setembro de
2012. Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, ele acusou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado
pessoalmente do esquema. O petista classificou o depoimento, prestado
sigilosamente à Procuradoria-Geral, como mentiroso.
Após análise do depoimento, que durou cerca de duas semanas, os
procuradores da República em Brasília concluíram pela existência de oito
fatos tipificados, em tese, como crimes que exigem mais apuração.
Dois já estão em investigação em outros inquéritos instaurados no
âmbito do Ministério Público Federal. Os novos seis procedimentos
preliminares foram distribuídos para procuradores diferentes, todos com
atuação na área criminal. Quem ficar responsável pelo caso poderá pedir a
abertura de inquérito a fim de produzir novas provas ou poderá optar
por arquivar as acusações, caso não veja indícios suficientes para
oferecer uma denúncia.
No depoimento prestado em 24 de setembro do ano passado, cuja íntegra
de 13 páginas foi obtida pela reportagem, Marcos Valério coloca o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no centro das acusações do
mensalão.
O empresário afirma que o petista, que não tem mais foro
privilegiado, deu “ok” para os empréstimos bancários que viriam a
irrigar os pagamentos de deputados da base aliada e campanhas políticas
de aliados ao governo.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, esperou o fim do
julgamento do mensalão para despachar o depoimento. Ele temia que o
depoimento fosse apenas uma manobra do empresário para atrapalhar o
julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Valério foi condenado a
mais de 40 anos de prisão.AE
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