Em uma avaliação crítica da sua própria forma de lidar com a crise
financeira na zona do euro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve
divulgar um documento oficial admitindo publicamente lapsos grandes no
resgate à Grécia, que recebeu uma das maiores ajudas financeiras já
concedidas pelo FMI. Em um documento interno marcado como "estritamente
confidencial", visto pelo Wall Street Journal, o Fundo afirma que
subestimou os danos que suas exigências de austeridade causariam à
economia da Grécia, mas frisou que a resposta à crise grega concedeu
tempo à zona do euro para limitar o contágio para o resto da Europa.
Uma versão do documento deve ser divulgada na quinta-feira e será a
mais significativa de uma série de análises do FMI nos últimos meses,
que tentam avaliar o envolvimento da instituição na crise da zona do
euro.
O FMI admitiu que flexibilizou as próprias regras para fazer com que a
dívida grega parecesse sustentável e que, em retrospecto, o país não
cumpriu três de quatro critérios que o qualificariam para o resgate. Nos
últimos três anos, uma série de autoridades do Fundo, incluindo a
diretora-gerente, Christine Lagarde, repetidamente afirmaram que a
dívida da Grécia era "sustentável" e que seria paga completamente e
dentro do prazo.
O documento descreve as incertezas em torno do resgate à Grécia como
"tão significativas, que a equipe não foi capaz de afirmar com grande
probabilidade que a dívida pública era sustentável". O FMI admitiu ainda
que foi muito otimista em relação às perspectivas de uma volta do
governo ao mercado de financiamento e à sua capacidade política de
implementar as condições do programa de resgate.
O maior benefício do resgate de 2010 não foi tanto em relação à
Grécia, mas em relação à zona do euro como um todo, sugere o documento. O
resgate "deu à região tempo para proteger outros membros vulneráveis e
evitar efeitos potencialmente severos à economia global".
O FMI uniu forças com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu
(BCE) em 2010, formando a chamada Troica, para gerenciar o primeiro
resgate de 110 bilhões de euros (US$ 144,03 bilhões) à Grécia. Os três
continuaram a gerenciar o segundo resgate, que ocorreu em 2012, e são
responsáveis também pelos resgates à Irlanda, Portugal e Chipre. Fonte:
Dow Jones Newswires.AE
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