Tarso Genro falou hoje para a Rádio Gaúcha que as depredações estão sendo feitas por vândalos cooptados por grupos organizados anarco-direitistas, manipulados pelas redes sociais para criar situações de impasse. Disse que já viu isso ocorrer no golpe de 64, no golpe de Estado chileno e nos movimentos fascistas. Ele ressaltou que há novos movimentos sociais que não estão no processo político nacional e, por isso, defende outro tipo participação, onde apareçam até mesmo candidatos sem partido. Tarso defende a criação de canais para que os atuais manifestantes apareçam para apresentar as reivindicações. Falou que no protesto sobre o transporte coletivo há poucos trabalhadores, que a maioria são estudantes.
Sobre o pacto político pela qualidade dos serviços públicos proposto por Dilma, Tarso disse que não sabe que resposta imediata pode dar à população. Falou que sequer recebeu da presidente a pauta da reunião de hoje. Disse que apenas vai acompanhar os prefeitos e não levará propostas. No entanto, defende como solução imediata o passe livre para estudantes nas regiões metropolitanas. O governador garante que o Estado está organizado para proteger toda a cidade de possíveis depredações no protesto de hoje.
Entenda o caso
A maior onda de protestos da história recente do país eclodiu no mês de junho e teve as redes sociais como catalisador. As manifestações, inicialmente contra o aumento das passagens, levaram mais de um milhão de pessoas às ruas em dezenas de cidades brasileiras. Os atos não possuem vinculação partidária.
Em Porto Alegre, os protestos começaram ainda em março. Manifestantes depredaram a prédios públicos e privados. Eles reivindicam a redução do valor da passagem para R$ 2,60. A tarifa chegou a subir para R$ 3,05 na capital, mas uma liminar derrubou o reajuste, e o preço segue R$ 2,85. No dia 13 de junho, em um novo protesto pelas ruas do Centro e Cidade Baixa, 23 pessoas foram presas.
Porém, os protestos mais violentos aconteceram na cidade de São Paulo, que registra atos desde 6 de junho. No dia 13, policiais e manifestantes entraram em confronto, e a capital paulista virou um cenário de guerra. Balas e bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas pelos PMs, e os manifestantes respondiam com paus e pedras. Mais de uma centena de pessoas ficaram feridas.
O dia 17 de junho foi o mais intenso: manifestações aconteceram em mais de 10 capitais brasileiras. Desta vez o motivo não era apenas o aumento das passagens, mas também contra a Copa das Confederações, repressão policial, corrupção, e melhores condições de saúde e educação. Mais de 100 mil pessoas fecharam ruas no Rio de Janeiro, e a Assembleia Legislativa foi depredada. Em São Paulo 65 mil pessoas fecharam avenidas. Em Brasília, houve tentativa de invadir o Congresso Nacional.
Os primeiros resultados começaram a ser obtidos. São Paulo, Rio, Porto Alegre e outras cidades revogaram o aumento das passagens. Mas as medidas tomadas pelas prefeituras não frearam os protestos, e os atos seguiram.
O grande problema, tanto para os governos quanto para os ativistas, são os atos de vandalismo cometidos por uma minoria radical. Depredações, saques, começaram se tornar rotineiros. No dia 20, um jovem de 18 anos morreu atropelado em Ribeirão Preto, e no dia seguinte, em Belém do Pará, uma gari que respirou gás lacrimogêneo também morreu.
Nas redes sociais, protestos continuam sendo marcados, sempre com confirmação maciça dos jovens.
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