O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, apelou hoje (3), para
que o governo brasileiro se manifeste sobre a proibição do avião do
presidente boliviano, Evo Morales, de sobrevoar os espaços aéreos de
Portugal, da França, da Itália e da Espanha. O diplomata disse que, como
“país irmão” da Bolívia, o Brasil deve mostrar sua solidariedade ao que
chamou ato de “prepotência imperialista”.
“Esperamos a solidariedade do governo brasileiro. Esperamos um pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff a exemplo de outros presidentes da região
que se manifestaram em apoio ao presidente Morales”, ressaltou o
embaixador. “Queremos o apoio do Brasil”, disse ele. “O que houve foi um
ato de descortesia com o nosso presidente e de violação internacional.
Foi uma atitude de prepotência. Mas temos dignidade e grandeza.”
Desde ontem (2), o assunto é examinado pela Presidência da República
do Brasil e o Ministério das Relações Exteriores. Assessores de Dilma
examinam a hipótese de haver uma declaração formal de repúdio à
proibição pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que reúne 12
países da região.
O tema está sendo conduzido pelo assessor especial para Assuntos
Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Ontem o avião de Morales foi proibido de ingressar nos espaços
aéreos de Portugal, da França, da Itália e da Espanha porque havia
suspeitas de que o ex-agente norte-americano Edward Snowden estivesse a
bordo. Morales foi obrigado a desviar a rota e aguardar autorização para
seguir viagem, em Viena, na Áustria.
Nos Estados Unidos, Snowden é acusado de espionagem e está na Rússia
esperando a concessão de asilo político. O ex-agente denunciou que os
norte-americanos monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos
dentro e fora do país. Há, ainda, informações que comunicações da União
Europeia também foram monitoradas. O norte-americano pediu asilo a 21
países, inclusive ao Brasil.
Para o embaixador boliviano, é fundamental que não só a Unasul se
manifeste sobre o episódio de veto do avião de Morales, mas também a
Cúpula do Mercosul, no próximo dia 12, em Montevidéu, no Uruguai. “Foi
um ato de violação não apenas à Bolívia, mas a todos os
latino-americanos, principalmente os países menores. É uma agressão a
todos nós”, disse o diplomata. ABr
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