A
presidente Dilma Rousseff precisa “refazer” suas alianças para a
eleição de 2014, mirando partidos de esquerda e centro-esquerda, se
quiser “dar conta” dos avanços necessários ao País. A avaliação consta
do documento intitulado “Para o PT liderar um novo ciclo da revolução
democrática”, produzido pela corrente Mensagem ao Partido, que, em 2005,
no auge do escândalo do mensalão, propôs a “refundação” da legenda.
Integrada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo
governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, a corrente diz que os
protestos de junho trouxeram um “elemento de imprevisibilidade” à
disputa de 2014 e prega uma “aliança programática”. O documento,
redigido pela chapa que apoia a candidatura do deputado Paulo Teixeira
(SP) à presidência do PT, afirma que as parcerias com “setores
conservadores” são um “empecilho” para mudanças, como a instituição do
imposto sobre grandes fortunas.
“O novo quadro anuncia, neste momento, uma disputa mais complexa do
que a anteriormente esperada para as eleições de 2014”, diz um trecho da
tese apresentada pelo grupo Mensagem ao Partido, a segunda maior força
do PT. “Não parece mais bastar a divulgação dos enormes avanços dos dez
anos do governo Lula e Dilma e a comparação com o período anterior”,
completa o texto, numa referência ao governo do tucano Fernando Henrique
Cardoso, sempre criticado por petistas.
Na avaliação do grupo, para que o Brasil avance, a partir deste novo
momento, Dilma deve construir outras alianças, “voltando a dar
prioridade a uma frente de partidos de esquerda e de centro-esquerda, e a
organizações e movimentos sociais progressistas e libertários”.
Mídia
A chapa também cobra de Dilma uma ação “urgente” para destravar o
projeto de regulamentação da mídia e critica a atuação do ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, que é filiado ao PT. “Nosso Ministério das
Comunicações tem adotado neste governo uma política moderada, recuando
de avanços que se anunciavam no final do segundo governo Lula”, observa o
texto. “É natural e legítimo que esse tema apareça nos debates do PT.
Achei essa abordagem pertinente e também moderada”, devolve Bernardo.
Em 2005, na crise do mensalão, a corrente Mensagem ao Partido chegou a
pregar a “refundação” do PT, mas depois voltou atrás. Cardozo, hoje
ministro, foi um dos autores do Código de Ética do partido, que prevê a
expulsão de filiados envolvidos em corrupção e condenados em última
instância pela Justiça. Agora, embora alegando ser preciso superar
“erros cometidos”, o mesmo grupo afirma que houve “manipulação” do
julgamento do mensalão pela direita.
Com o argumento de que Dilma é “alvo de campanha sistemática de
desgaste”, a chapa de Teixeira prega a defesa da presidente e a
mobilização em torno da ideia do plebiscito para a reforma política.
Admite, porém, que “resistências conservadoras” podem inviabilizar a
consulta popular. Diante desse quadro, o grupo tenta manter de pé a
proposta de Constituinte exclusiva para mudar o sistema eleitoral,
considerada inconstitucional pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Além de Teixeira e do atual presidente do PT, Rui Falcão, que concorre à
reeleição, outros quatro candidatos disputam o comando petista. A
eleição interna será dia 10 de novembro. AE
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