A despeito da queda da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas -
e da movimentação para ser candidato à Presidência do ex-governador
José Serra (PSDB) - a maior parte dos diretórios estaduais do PSD tende a
defender a reeleição da petista em 2014. No entanto, o mapa de apoio à
petista no partido comandado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab é
instável: lideranças regionais que o próprio PSD divulga como decididas
disseram ao Estado que a questão está em aberto.
Essa situação ocorreu em quatro Estados, dos quais dois estavam no
primeiro anúncio feito por Kassab em fevereiro, três meses antes de
Dilma contemplar o PSD com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. A
consulta do partido, cujo objetivo é mostrar unidade nacional, só foi
divulgada com 14 diretórios - todos pró-reeleição.
No levantamento feito pela reportagem, 14 lideranças regionais
disseram que devem apoiar a reeleição - Mato Grosso foi o único a não
responder, mas declarou posição pró-Dilma em março. A reportagem
questionou como os diretórios se posicionavam frente à recente queda de
popularidade de Dilma e a possível entrada de Serra na disputa ao
Planalto. Dois Estados disseram que não vão fazer campanha para a
petista.
Animado pela queda da presidente, Serra confidenciou a aliados que
alimenta o sonho de disputar a Presidência pela terceira vez. O tucano
voltou a participar de debates, deu entrevistas, aumentou a frequência
de reuniões com aliados e até viajou a Brasília para encontrar senadores
“independentes”.
Um dos principais aliados de Serra, o presidente do PPS, deputado
Roberto Freire (SP), tem dito que as portas da sigla estão abertas para o
ex-governador. Com o nome do senador mineiro Aécio Neves consolidado
como provável candidato tucano ao Planalto, Serra avalia a hipótese de
se filiar ao PPS.
Sem fusão
Um dos obstáculos é que a fusão com o PMN - que poderia elevar a
atual bancada de 11 deputados do PPS e, consequentemente, o tempo na
propaganda de rádio e TV - não vingou. Com isso, para ter uma
candidatura competitiva, Serra teria de atrair o apoio do PSD do amigo
Kassab, quarta maior bancada da Câmara.
Embora considerado improvável pela maioria do partido, o apoio ao
ex-governador é uma hipótese avaliada pela cúpula da sigla. Na
quarta-feira, 24, o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, opinou que,
caso Dilma não concorra, o partido poderá apoiar Serra. Entre os dez
diretórios que se declaram indecisos, o Amapá admite a hipótese de
apoiar Serra se Kassab decidir assim. “Vamos acompanhar a decisão que
for tomada lá”, afirmou o presidente do PSD-AP, deputado estadual Eider
Pena Borba.
Na maior parte dos diretórios, o nome do ex-governador é visto com
ressalvas. Primeiro, porque o tucano não se colocou de fato na disputa e
nem Kassab procurou quem quer que seja para avisar que o tucano é
candidato. Depois, porque o PPS é um partido com pouca estrutura nos
Estados. “Fora do PSDB (Serra) vai ter dificuldade de montar palanques
regionais”, afirmou o deputado Vilmar Rocha, presidente do PSD goiano.
Além disso, Serra é tido como um político muito rodado num cenário em
que o eleitor pode preferir mudanças. “O PSD partir para um apoio do
PPS porque o Serra é o candidato seria difícil. O PPS é um partido
minoritário em quase todos os Estados”, afirmou o presidente do PSD-PA,
Sérgio Leão.
Para o presidente do diretório baiano, o vice-governador Otto
Alencar, a aliança com o PT está consolidada no plano estadual e no
nacional. “Aqui minha aliança com o governador Jacques Wagner não terá
nenhuma distensão.” Em alguns dos Estados em que o PSD não tomou posição
oficial, dirigentes afirmam esperar uma redefinição do quadro político.
É o caso de Goiás, Amazonas, Paraná, Espírito Santo e Roraima.
Paraíba e Rondônia, que estavam entre os primeiros diretórios a declarar
apoio à reeleição, agora se dizem indefinidos por causa da conjuntura
estadual. O presidente do diretório gaúcho, deputado Danrlei de Deus,
havia dito em maio que “acompanharia a luta de Dilma” e que “todos no
partido confiam cegamente no trabalho de Kassab”. Agora, diz que vai
seguir a Executiva nacional.
Em SP
O diretório do PSD em São Paulo, maior colégio eleitoral do País e
Estado onde o presidente do partido, Gilberto Kassab, pode sair
candidato a governador, sinaliza apoio à reeleição de Dilma Rousseff. O
presidente do partido no Estado, Rubens Jordão, afirmou que já fez 80%
das consultas e que a maioria opta pelo apoio à reeleição. Ele diz que
pretende apresentar a posição do diretório paulista ainda em 2013.
Em Minas Gerais, o presidente do diretório, Paulo Simão, declarou ao
Estado que a tendência é apoiar Dilma. Entretanto, parlamentares do PSD
mineiro ameaçam deixar o partido caso isso ocorra. A maioria prefere
caminhar com o senador Aécio Neves (PSDB-MG).AE
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