A queda da inflação mostra que os consumidores passarão a ter mais mais recursos
para usar em bens e serviços, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Hoje
(7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que, no
mês passado, o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,03%, abaixo do resultado de
junho, 0,26%.
O ministro considera possível haver uma recomposição do consumo, que havia
caído no início do ano. "Portanto, espero que, no terceiro trimestre, tenhamos
uma recuperação na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do consumo varejista.”
Mantega, que já tinha falado sobre o resultado da inflação no mês passado,
desta vez destacou o fato de o índice demonstrar que o preço dos alimentos
recuou bastante, puxando para baixo a cesta básica em várias capitais. Para o
ministro, o resultado de julho prova que a inflação sempre esteve sob controle.
Para ele, houve um momento de aceleração, mas o governo agiu para que o IPCA
caísse para esse patamar (0,03%).
“Já observamos aumento do consumo nos supermercados. Então, isso é um reflexo
direto da queda da inflação e do poder aquisitivo da população. Mas isso também
não quer dizer que a inflação ficará em zero, pois agora ficou quase em zero”,
ressaltou.
O ministro lembrou também que existem fatores sazonais ao longo do ano que
fazem com que todos os anos a inflação suba em determinado momento e caia em
outros. “Agora, para o final do ano, ela vai subir um pouquinho, porque tem os
dissídios coletivos e alguns reajustes, mas ela continuará totalmente sob
controle e não atrapalhará o crescimento da economia.”
Sobre o crescimento da economia, Mantega estimou que o resultado do segundo
trimestre será melhor do que o do primeiro trimestre. Ele lembrou que atividade
econômica foi bem no segundo trimestre, com melhora nos índices da indústria e
grande crescimento na agricultura.
“Não sabemos ainda o crescimento [do setor] de serviços, mas certamente será
maior que o do primeiro trimestre. Então, isso mostra que a economia brasileira
está em uma trajetória de crescimento. O emprego está indo bem. Nós estamos
criando novos postos de trabalho. As empresas tiveram um lucro maior no segundo
trimestre”, destacou. Mantega explicou que sua avaliação leva em conta os
números da arrecadação de impostos e taxas federais, que tem aumentado.
Segundo ele, o problema tem sido a política do Tesouro dos Estados Unidos. O
mercado financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que
o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos
monetários para a maior economia do planeta. O Fed poderá aumentar os juros e
diminuir as injeções de dólares na economia global caso o emprego e a produção
nos Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento e afastem os sinais da crise
econômica iniciada há cinco anos, atraindo capitais para o mercado
norte-americano.
“Então, eu diria que as coisas estão indo bem. Agora, tem essa questão do
Fed, que atrapalha o câmbio e causa um pouco de volatilidade. Isto é um dos
fatores que estão retardando a nossa retomada de crescimento mais forte”,
acrescentou.
Para este ano, o ministro não quis fazer projeções de inflação, mas disse que
o mercado financeiro deveria rever as estimativas diante dos resultados de hoje,
com previsões “um pouco para baixo”. “Estamos tendo um comportamento como o do
ano passado: no primeiro trimestre, começou um pouco mais alto e depois caiu ao
longo do semestre, chegando em seguida a quase a zero. É parecido com o ano
passado, mas não sei precisar o número. ABr
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