Rio de Janeiro – Policiais federais protestaram hoje (5) contra a
precariedade de serviços sociais e da saúde, o assédio moral dentro da
corporação e o veto presidencial ao Projeto de Lei (PL) 244, que
reconhece o papiloscopista como perito. A manifestação começou na Praça
Mauá, em frente à sede da Polícia Federal (PF), e seguiu até a
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde os policiais
acompanharam audiência pública para discussão de melhorias na estrutura
da PF. A passeata e a audiência fazem parte da paralisação de 24 horas
iniciada pelos policiais federais na madrugada desta segunda-feira.
Cerca de 200 agentes carregavam faixas e vestiam blusas pretas com
suas reivindicações escritas com tinta amarela. Um elefante branco
inflável, representando a campanha contra a burocracia no sistema de
investigação policial, era conduzido por um carro. Em frente à Alerj, os
manifestantes soltaram aproximadamente 200 balões em preto e amarelo,
cores da PF. Duas viaturas da Polícia Militar e uma da Guarda Municipal
acompanharam a passeata.
Para a presidenta do Sindicato dos Servidores do Departamento de
Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro, Valéria Manhães, o modelo
brasileiro de investigação, que é de 1940, precisa ser renovado, porque
não atende à modernidade. "O crime se modernizou, mas a investigação
continua a mesma. Pouco é alcançado. Somente 10% dos inquéritos
policiais são elucidados."
De acordo com Valéria, até o momento, 60% dos policiais federais
aderiram à paralisação. Ela disse que a população pode ficar tranqüila.
pois os serviços essenciais estão mantidos. "Os serviços mínimos estão
mantidos. Este é o início de paralisações [da categoria] no Brasil
inteiro.”
Valéria explicou que a paralisação faz parte de um calendário
nacional, que está sendo seguido. "Primeiro, houve manifestações aqui
[no Rio] e haverá paralisações em vários estados. Precisamos também
mostrar para a sociedade civil a forma de investigação criminal usada no
Brasil, que não atende mais aos anseios, à modernidade.”
O vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luiz
Antonio de Araújo Boudens, disse que a manifestação busca um modelo mais
eficiente de investigação. “O elefante branco simboliza essa
burocracia. Todas as investigações hoje começam no papel, no meio delas,
tem papel e, no final delas, tem papel. Então, é totalmente
cartorializada. O objetivo desta manifestação é discutir um modelo mais
eficiente para que as investigações caminhem diretamente para o
Ministério Público e este faça a denúncia.”
Agentes, escrivães e papiloscopistas entraram em greve em agosto do
ano passado. Em setembro, em ato nacional, os policiais federais pediram
a reestruturação da carreira de nível superior. Em outubro, após 70
dias de greve, os policiais, mesmo sem acordo com o Ministério da
Justiça, suspenderam a greve.
Até o fechamento desta matéria, o Ministério da Justiça não tinha se posicionou sobre a paralisação dos policiais federais. ABr
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