O Senado instalou hoje (3) a comissão parlamentar de inquérito (CPI)
que investigará as denúncias de espionagem feita pela Agência de
Segurança Nacional americana (NSA) às comunicações brasileiras via
internet. No escândalo mais recente, reportagem veiculada pela Rede
Globo denuncia que até a presidenta Dilma Rousseff e seus assessores
próximos tiveram as correspondências rastreadas e monitoradas pela
agência.
Preocupados com a segurança do jornalista Glenn Greenwald, que
recebeu e divulgou os documentos do ex-agente da NSA, Edward Snowden, os
membros da CPI aprovaram requerimento para que ele receba proteção
policial. A presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM) lembrou que Greenwald teve o apartamento invadido no Brasil,
quando foi roubado um laptop.
Além disso, foi aprovado requerimento para que a Polícia Federal
disponibilize profissionais para assessorar a CPI. A presidenta da
comissão também comunicou que entrará em contato com os ministros da
Justiça e da Defesa, além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Na primeira reunião da CPI, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que
foi indicado relator, sugeriu que a presidenta se manifeste sobre o
assunto durante a próxima reunião da Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU) e durante visita da presidenta aos Estados Unidos.
“Em setembro, teremos a reunião anual da Assembleia Geral das Nações
Unidas, em que o Brasil tradicionalmente faz a abertura. Julgo ser uma
oportunidade excepcional para que a presidenta Dilma possa abordar o
tema e possa criar todo tipo de constrangimento. Em outubro, temos a
previsão de uma visita que a presidenta Dilma fará ao presidente Barack
Obama. Creio que esse tipo de agenda [espionagem] terá que constar, por
conta de explicações que, julgo, o governo americano deve ao povo
brasileiro”, disse Ferraço. Ele disse que pretende convidar o embaixador
americano para dar explicações na CPI.
Também membro da comissão, o senador Roberto Requião (PMDB-PR)
defendeu medidas mais duras. Na opinião de Requião, o objetivo do
governo americano era obter ilegalmente dados que pudessem favorecer
suas empresas em disputas comerciais. Por isso, o senador defendeu que o
governo brasileiro deixe as empresas de fora de disputas, como a venda
de caças ao Brasil e a concorrência pela exploração do Campo de Libra,
do pré-sal. ABr
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