A Polícia Federal prendeu hoje (3) um assessor do Ministério do
Trabalho e Emprego e sete membros de uma organização não governamental
(ONG) acusados de participar de um esquema de desvio de dinheiro
público. Eles foram presos temporariamente, e permanecerão detidos por
cinco dias.
Segundo a PF, foram comprovadas irregularidades no repasse de R$ 47,5
milhões para uma ONG de assistência ao trabalhador, que não teve o nome
divulgado. A ONG recebia os recursos do ministério, por meio de um
convênio, para criar centros públicos de emprego e qualificação de
trabalhadores. No entanto, com o dinheiro recebido, a ONG contratava –
por meio de cotações irregulares – empresas de propriedade do próprio
responsável pela ONG. As empresas não executavam os serviços
contratados.
“O assessor fazia liberação do convênio. Verificamos uma relação
muito próxima desse assessor com o gestor da ONG. Uma relação beirando a
promiscuidade. Uma relação que não cabe: do gestor do dinheiro público
com o tomador do dinheiro”, destacou o delegado responsável pela
investigação, Alberto Ferreira Neto. O assessor foi preso hoje em um
hotel na capital paulista. Ontem, ele havia se reunido com os
integrantes da ONG.
A Polícia Federal fez busca e apreensão em 37 locais; entre eles,
dois gabinetes do Ministério do Trabalho, em Brasília. A operação,
denominada Pronto-Emprego, que teve início em janeiro, além de constatar
o desvio de dinheiro, identificou lavagem de dinheiro.
“As empresas selecionadas irregularmente contratavam, por exemplo,
empresas de publicidade, que devolviam o dinheiro, no mesmo dia, ao
gestor da ONG, a título de prestação de serviços de consultoria”,
explicou o delegado. Dessa forma, o dinheiro chegava ao gestor da ONG de
forma limpa. Em seguida, o dinheiro era usado na compra de produtos no
exterior, para venda no Brasil
Os presos responderão por quatro crimes: corrupção, formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato, cuja soma das penas pode
chegar a 37 anos. A Polícia Federal informou que cerca de 150 policiais
federais e auditores do Tribunal de Contas da União trabalharam nas
investigações. O Ministério do Trabalho foi procurado e não se
manifestou até o fechamento da matéria. ABr
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