A ex-senadora Marina Silva anuncia hoje (4), às 15h, em Brasília, a
decisão sobre o seu futuro político depois da derrota sofrida, ontem
(3), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A corte negou o pedido de
registro da Rede Sustentabilidade, liderada pela ex-candidata à
Presidência. Hoje, no Senado, parlamentares lamentaram o resultado que
tira a nova legenda da disputa eleitoral do próximo ano.
Em discurso no plenário, o ex-companheiro de partido de Marina,
senador Jorge Viana (PT-AC), saiu em defesa da criação do partido e
disse que o Congresso tem responsabilidade nisso. “As regras do jogo
político no Brasil estão muito ruins e a culpa é de quem faz a
legislação que somos nós. Por que a reforma política não sai?”
Viana disse que o troca-troca de partidos virou um comércio por mais
tempo de propaganda na TV e participação no fundo partidário, criando
uma situação “vexatória” para o Parlamento. “A legislação hoje ajuda a
ficar pior o que já está ruim, quando você tem um partido igual ao Rede
Sustentabilidade, que vem de um movimento social e quer buscar um
registro partidário, e não passa [pelo TSE]. Aí passa o que não tem
nenhuma representatividade social.”
Seguindo a mesma linha de críticas, o senador Pedro Simon (PMDB-RS),
atacou a decisão da Justiça Eleitoral. “A Rede Sustentabilidade provou
que tinha as assinaturas e que seria um partido sério e responsável.
Houve coisas estranhas”, disse. Simon alertou que, enquanto na região do
ABC Paulista, recusaram 78% das fichas, “no Rio Grande do Sul e em
Santa Catarina rejeitaram menos de 10%”.
O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) também levantou suspeitas sobre o
processo. “Ela [Marina Silva] tomou todas as providências. Acho que
houve certo rigor em relação à análise das inscrições. Por que não
fizeram isso em relação ao PROS [Partido Republicano da Ordem Social]?”, indagou o parlamentar ao citar
o partido aprovado e que será presidido pelo ex-vereador da cidade de
Planaltina de Goiás, Eurípedes Junior.
A decisão do TSE foi contrária a um desejo nacional e o TSE deveria
ter aprovado, ao menos, um registro provisório, de acordo com Figueiró.
“Questão política se decide, não com os termos frios da lei, mas com a
intenção da lei que foi a de criar partidos para dar oportunidade para
que todas as correntes e opiniões do país se manifestem por meio de uma
organização partidária”, disse.
A solução foi a mesma defendida pelo ex-ministro Nelson Jobim. Para
ele, a melhor opção seria o TSE conceder o registro ao partido e, na
sequência, definir prazo para que a Rede reunisse e validasse as
assinaturas. “Assim, você atende aos dois lados: respeita a exigência de
ter as assinaturas, que não pode o tribunal recuar, e assegura, por
essa forma, a concorrência [da legenda] nas eleições.”
O
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, também
tem dúvidas em relação ao processo que levou a Rede Sustentabilidade à
derrota. “Eu, pessoalmente, entendo que não se pode deixar de certificar
a autenticidade de uma assinatura de apoio a partido, sem motivação”,
disse ao criticar o posicionamento dos cartórios eleitorais na checagem
das assinaturas.
Na contramão da defesa de Marina Silva, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que a ex-senadora falhou durante o
processo. “Se há algo anárquico no Brasil que precisa ser modificado é
essa legislação eleitoral. Todo mundo cria partido e ao não conseguir
criar seu partido, a Marina, infelizmente, demonstrou incapacidade de
mobilização e de organização e isso não é bom”, afirmou. ABr
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário