Os traumas dos anos de ditadura pesaram decisivamente no detalhamento do texto constitucional de 1988, disse o jurista Nelson Jobim, considerado um relator adjunto da Constituinte.
Para o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o “processo
constituinte” ainda está em curso e as modificações na Carta Magna são
necessárias para adequar o texto às conjunturas.
“O processo constituinte brasileiro continua, tanto é que tivemos 74
emendas constitucionais normais e seis emendas de revisão. Ou seja, a
Constituição foi modificada 80 vezes. Alguém dirá que é um absurdo. Mas
não é absurdo. É o ajustamento de uma Constituição que foi detalhista às
conjunturas daquela época e que está se ajustando”, analisou Jobim.
Um dos principais nomes na elaboração do texto constitucional ao
lado do relator da proposta, deputado Bernardo Cabral, Jobim atribui ao
passado de ditadura do país o detalhamento da Constituição. “Na época,
em 1988, havia uma grande desconfiança do Poder Executivo originário do
governo militar e era mais fácil aprovar um texto constitucional do que
um projeto de lei. O projeto de lei tinha que ser aprovado na Câmara,
depois no Senado, ia a veto, voltava para o Congresso. Então, era muito
mais fácil aprovar na Constituição e foi essa a razão [do
detalhamento]”. ABr
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