Em conversa na noite de segunda feira, 30, com a presidente Dilma
Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo
deve agora afagar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e
não deixá-lo sair "com raiva" da base aliada porque isso pode ser
prejudicial para a disputa de 2014.
"É como se você estivesse numa guerra contra adversários e, de
repente, o seu batalhão começasse a se separar", comparou ele. "Eu não
acho isso legal." Para Lula, o PT e integrantes do governo foram
"precipitados" e acabaram empurrando Campos para fora da coalizão.
O encontro entre Lula e Dilma, no Palácio da Alvorada, durou mais de
duas horas. Agora, a cada quinze dias os dois conversam sobre os rumos
do governo, a economia e a campanha do ano que vem. Lula atua como uma
espécie de "facilitador" político. Aconselhada pelo ex-presidente, Dilma
deve receber Campos para um novo téte-à-téte ainda nesta semana.
Afilhado político do governador de Pernambuco, Fernando Bezerra (PSB)
entregou nesta terça-feira, 1º, a Dilma o cargo de ministro da
Integração Nacional, cumprindo decisão do partido. Tudo indica que
Campos será adversário de Dilma na eleição de 2014, mas Lula disse no
domingo, em entrevista ao jornal "Correio Braziliense", que não dá "de
barato" a entrada do antigo aliado no páreo presidencial.
Na manhã desta terça, ele voltou ao tema e, ao seu estilo, fez uma
analogia desse cenário com o futebol. "É como o Corinthians: entrou para
jogar com a Portuguesa pensando que o jogo era fácil e perdeu de quatro
a zero. A política é um pouco isso", afirmou. Na sua avaliação, o
desempenho da economia vai pesar na decisão de Campos e também da
ex-senadora Marina Silva, se ela conseguir legalizar o seu partido,
batizado de Rede Sustentabilidade.
"As pessoas vão avaliar a conjuntura, os aliados, as pesquisas, o
tempo de TV, os palanques em cada Estado, tudo isso pesa", insistiu
Lula. Ao lamentar a saída de Campos, ele sugeriu que dirigentes do PT
cometeram erros no relacionamento com o PSB.
"Eu não sei de onde partiu a precipitação, mas eu acho que, pela
convivência que tempos, não foi uma coisa legal o Eduardo sair assim. Eu
não queria que ele saísse assim. A gente tem tanta história junto que
eu gostaria de continuar construindo junto, sabe?", comentou o
ex-presidente.
Questionado se conversará com Campos para que ele desista da
candidatura, Lula respondeu que o antigo aliado tem todo o direito de
concorrer. "Eu converso e vou conversar sempre porque sou amigo dele,
independentemente de qualquer coisa", resumiu.AE
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