Relatório da Operação Miqueias, da Polícia Federal, revela tentativas
da suposta organização criminosa que desviava recursos de fundos de
pensão de se aproximar dos governadores do Tocantins e do Pará. Um dos
lobistas também demonstra ter influência no governo do Rio de Janeiro. A
PF descreve que Ezaquiel Oliveira, braço do esquema, diz ter "muito
poder no governo do RJ". Neste caso, contudo, não há mais informações no
relatório. O documento da PF, ao qual o Estado teve acesso, revela que
no Tocantins a quadrilha tinha contatos no governo.
Num dos diálogos interceptados com autorização judicial, uma lobista
do esquema diz que o doleiro Fayed Traboulsi, chefe do grupo, segundo os
investigadores, foi à inauguração de uma obra no Tocantins "porque
Siqueira pediu". O relatório não informa sobre qual Siqueira os dois se
referem. O Estado apurou que a PF suspeita tratar-se do secretário
Eduardo Siqueira Campos, filho do governador Siqueira Campos (PSDB). Em
data próxima ao diálogo, dia 26 de abril de 2012, o governo inaugurou
uma rodovia. O Jornal do Tocantins noticiou que as duas lobistas que
tratam do assunto Tocantins com Fayed são amigas do secretário no
Facebook. A assessoria do governo informou que o secretário desconhece
as lobistas, que tem muitos amigos no Facebook, e que não foi
investigado pela PF.
No relatório de inteligência da PF, são apontadas supostas relações
do então presidente do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins
(IGEPREV), Rogério Villas Boas, com Fayed. Ele foi exonerado do cargo
após seu nome ser mencionado. A PF também descreve tentativa da suposta
organização criminosa de se encontrar com o governador do Pará, Simão
Jatene (PSDB), o vice dele e o presidente do instituto de previdência do
Estado. A PF interceptou uma sequência de diálogos entre dois
operadores do esquema que indicam "que ambos intermediaram uma reunião
entre os membros da organização criminosa...possivelmente com o
governador, o vice e o presidente do instituto de previdência dos
servidores do Estado do Pará."
O doleiro Fayed se queixa com uma lobista de que o encontro foi
marcado com o chefe de gabinete do então secretário especial Sérgio Leão
(PSD). Ele avisa à colega que os dois só iriam se o governador ou seu
vice comparecessem. "...o contato com o chefe do gabinete do chefe do
gabinete...é sacanagem...não resolve absolutamente nada. Quem
resolve é o GOV ou o VICE GOV. Só eles..." A assessoria do governador
Jatene informou que não há registro de encontro do governador, do vice e
do presidente do instituto de previdência com essas pessoas. Até o
fechamento desta edição, o governo não informou sobre o suposto contato
com o ex-secretário. A PF não informa se o encontro ocorreu.AE
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário