O PSDB aposta no peso das máquinas estaduais dos oito Estados comandados pelo
partido para reverter a queda constante de sua bancada na Câmara dos Deputados
nas três últimas eleições. Depois de eleger 99 deputados federais em 1998,
quando reelegeu Fernando Henrique Cardoso ao Planalto, a legenda registra queda
livre no governo petista e tem atualmente menos da metade do espaço conquistado
há 15 anos.
A bancada na Câmara tem peso especial para os partidos porque é com base nela
que se calcula o tempo de televisão nas propagandas eleitorais e o tamanho do
fundo partidário que será repassado a legenda. Com a iminente formação do bloco
PP-PROS, com 68 deputados, os tucanos passarão a ser apenas a quarta bancada, o
que não ocorre desde 2002. O PSDB tem em exercício 46 deputados, atrás ainda de
PT (88) e PMDB (76). Nas eleições de 2010 foram eleitos 54 tucanos, oito a menos
que em 2006 e doze a menos que em 2002, quando o partido foi colocado na
oposição.
Para reverter a tendência, a cúpula aposta no peso de seus governadores. Como
ao longo destes quatro anos tiveram a máquina estadual para fazer investimentos
e angariar apoios, a expectativa é de crescimento das bancadas nestes colégios
eleitorais. Dos 54 deputados eleitos em 2010, 33 vieram destes Estados, com
destaque especial para São Paulo, onde 13 cadeiras foram dados pelos eleitores
aos tucanos.
Na mesma linha, o PSDB quer candidaturas fortes ao governo e ao Senado em
outros colégios eleitorais para puxar votos para a legenda. É o caso do Ceará,
onde a queda na bancada foi vertiginosa. Em 1998, foram eleitos 12 tucanos pelo
Estado, contra apenas 2 em 2010. A queda deve-se à derrocada na política local
do principal cacique do partido, Tasso Jereissati. Sua dianteira nas pesquisas
para cargos majoritários em 2014 dá esperança à cúpula tucana de que essa
situação se inverta e o Ceará volte a contribuir para a formação de uma bancada
mais robusta em Brasília.
Presidente do PSDB de Minas Gerais e um dos principais articuladores da
pré-campanha de Aécio Neves à Presidência, Marcus Pestana acredita que uma boa
montagem dos palanques nos Estados, somada à postulação nacional, ajudará a
legenda. “Nossa força de estar à frente de oito Estados e as candidaturas fortes
que estamos construindo faz com que projetemos uma ampliação da bancada”, diz
Pestana.
O raciocínio é semelhante ao do presidente do diretório paulista, Duarte
Nogueira. “Temos uma possibilidade clara de ampliar as bancadas nos Estados que
governamos e podemos buscar espaço nos nove Estados onde não temos nenhum e nos
outros nove onde temos um só”, afirma.
Puxadores de voto
Além do peso dos palanques estaduais, o PSDB tem dedicado tempo à costura de
candidaturas de “puxadores de voto”, aqueles políticos que podem ter votações
expressivas para a Câmara e levar outros correligionários na carona. Entre os
apoiadores de Aécio, o cenário visto como ideal tem o ex-governador de São Paulo
José Serra como candidato a deputado federal dentro dessa perspectiva.
O desejo, porém, é contido nas declarações públicas, que sempre deixam a
decisão nas mãos do ex-governador. “Cabe ao Serra definir a melhor forma de
contribuir com o partido, mas sem dúvida uma candidatura à Câmara ou ao Senado
teria um potencial muito bom”, afirma Pestana. “Serra pode ocupar qualquer
cargo, claro que com uma decisão nesse sentido de disputar a Câmara faria com
que fosse o mais votado em São Paulo sem nenhuma dúvida”, ressalta Duarte.
Além da pressão sobre nomes tradicionais, os tucanos também têm adotado
tática comum à de partidos de pequeno e médio porte, a filiação de famosos. O
PSDB montou quase um time de vôlei com a filiação do técnico Bernardinho (RJ),
do ex-jogador e técnico Giovane (MG) e do jogador Giba (PR). A socialite Narcisa
Tamborindeguy é outra possível candidata, assim como o escritor Cesar Romão.
As filiações são defendidas pelos dirigentes como uma alternativa diante do
questionamento dos partidos feitos nas manifestações de junho. “A ideia é fazer
com que o partido procure atrair as pessoas que queiram mudar a realidade e,
depois de junho, o Brasil é outro e os partidos precisam se renovar”, argumenta
Pestana. AE
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