Os chanceleres do Brasil e do Chile anunciaram hoje (3) que os dois
países assinarão um acordo na área de direitos humanos para a troca de
informações sobre cidadãos brasileiros presos no Chile e chilenos presos
no Brasil durante os regimes militares. Segundo o ministro Luiz Alberto
Figueiredo Machado, uma missão da Comissão Nacional da Verdade (CNV)
viajará a Santiago no fim de abril para fazer um levantamento e trocar
as primeiras informações.
Figueiredo
Machado e o chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, lembraram que as
presidentas Michelle Bachelet e Dilma Rousseff foram vítimas das
ditaduras implantadas em seus países. “O que tem de mais simbólico do
que duas presidentas que foram vítimas? Então, acho que será uma boa
maneira de enfrentar o passado por meio da colaboração bilateral”,
completou Muñoz. Os dois ministros se reuniram no Itamaraty.
O
chanceler chileno disse que o passado não pode ser esquecido e elogiou o
trabalho da CNV e as reflexões que leu ao chegar ao Brasil, em função
dos 50 anos do golpe de 1964, completados no início da semana. Segundo
ele, o governo chileno investigará tudo que seja possível para que a CNV
realize bem o seu trabalho.
“Houve muitos brasileiros exilados
que, após o golpe de 1973, no Chile, ficaram presos no Estádio Nacional,
e houve torturadores brasileiros que foram enviados pela ditadura
brasileira à ditadura chilena para pegar aqueles brasileiros que tinham
encontrado refúgio no Chile”, disse Muñoz. Ele acrescentou que a
Operação Condor também fez a coordenação dos “aparatos repressivos” das
ditaduras na região.
A ditadura chilena durou de 11 de setembro
de 1973, quando as Forças Armadas depuseram o governo do presidente
Salvador Allende, até 11 de março de 1990, quando o ditador Augusto
Pinochet entregou o poder. Segundo Figueiredo Machado, o Brasil já tem
acordos assinados para a troca de informações sobre presos políticos com
Argentina e Uruguai.
Esta é a primeira visita bilateral do
chanceler chileno ao exterior, desde a posse da presidenta Michelle
Bachelet, no dia 11 de março. O Brasil é o principal destino de
investimentos chilenos no mundo, tendo registrado, em 2013, um estoque
de US$ 21,8 bilhões. O comércio bilateral alcançou US$ 8,8 bilhões no
ano passado, o terceiro maior resultado do Brasil com países da América
Latina, com crescimento de 65,3% entre 2009 e 2013. ABr
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