A ex-senadora Marina Silva disse em entrevista a uma rede de
televisão chinesa que a presidente Dilma Rousseff não conseguiu firmar
um estilo próprio à frente do Palácio do Planalto. "Infelizmente, a
presidente Dilma não foi capaz de ter a própria marca de governo, a não
ser a marca do retrocesso", afirmou à CCTV America, unidade da rede
chinesa em Washington. Marina foi à capital dos Estados Unidos
participar de um evento sobre o ambientalista brasileiro Chico Mendes.
Indagada
sobre um ponto positivo e outro negativo do atual governo, Marina disse
que, apesar de ter sido bom para o País manter as políticas sociais da
gestão do ex-presidente Lula, o governo Dilma é marcado por retrocessos.
Ela citou o baixo crescimento da economia, a inflação, dificuldades no
planejamento da infraestrutura e a recente situação energética. Além
disso, segundo Marina, o governo retrocedeu no que se refere à renda, à
proteção das florestas e dos direitos indígenas.
Eleições.
A
vice da chapa de Eduardo Campos à Presidência destacou que os 20
milhões de votos recebidos por ela em 2010 têm um significado "muito
profundo". "Significa que, para o povo brasileiro, a ideia de um modelo
de desenvolvimento econômico que produza riquezas, trabalho, moradia
digna e serviços essenciais não é incompatível com a proteção do meio
ambiente", afirmou. Segundo a ambientalista, o Brasil pode ajudar a
resolver o que chamou de "desafio deste século". "É preciso mudar o
antigo paradigma de que a economia é separada da ecologia. O mundo vai
precisar cada vez mais de fazer essa integração", comentou. Marina
destacou que a aliança com o PSB, de Campos, ainda está sendo desenhada e
que o objetivo é manter as bandeiras defendidas pela Rede
Sustentabilidade no centro do debate. "O que me moveu para o PSB é a
necessidade de que as ideias de 2010 continuem relevantes nas eleições
de 2014", afirmou.
Corrupção.
A
solução para enfrentar a corrupção no Brasil é encará-la como um
problema de todos e não apenas como algo relacionado ao governo ou aos
poderes Legislativo e Judiciário, avaliou a ex-ministra do Meio
Ambiente. Marina destacou que o governo pode ser mais transparente e que
o Congresso tem de ser uma ferramenta para "vigiar e monitorar", mas
alertou que o tema tem de ser visto como um problema de toda a
sociedade. Segundo Marina, a pobreza era tida apenas como uma
preocupação do governo, mas quando passou a ser enfrentada como um
problema de todos começou-se a criar um processo de inclusão social. "O
mesmo vale para a corrupção. Enquanto não for um problema nosso, não
haverá solução", disse.
Protestos.
Marina
Silva também foi questionada sobre os protestos relacionados à Copa do
Mundo e respondeu que o ponto negativo da realização de grandes eventos é
o fato de não se pensar nos legados que podem ficar para a população.
As manifestações nas ruas mandaram uma mensagem forte, segundo a
ex-senadora. Para Marina, a população encara como uma prioridade
investir para sediar a Copa, mas também deveria ser prioridade garantir
saúde, educação, segurança pública, transporte e vida digna para os
brasileiros, "necessidades muito mais profundas", observou. AE
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