Diretor diz à CPMI que não sabia de desvios na Petrobras

O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, depôs hoje (29) na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na companhia e disse que não tem conhecimento dos fatos denunciados nos depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, presos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.
Cosenza repetiu diversas vezes aos parlamentares que não sabia dos desvios de recursos da Companhia, nem do pagamento de propina a partidos políticos, relatados pelos dois acusados em delação premiada à Justiça. Ele disse que a Petrobras está fazendo uma investigação interna sobre os fatos, assim como o Ministério Público e a Polícia Federal.
Indagado se o cartel formado por empreiteiras que usam os contratos com a Petrobras para pagar propinas aos partidos continua, Cosenza negou. “Eu desconheço a existência do cartel. Se eu desconheço, como é que eu daria continuidade?”, disse.
Ele também falou que nunca esteve com Youssef, nem com o deputado Luiz Argôlo (SD-BA), que está sofrendo processo de cassação na Câmara por ter sido denunciado de ter recebido dinheiro de Alberto Youssef proveniente de fontes ilícitas. “Nunca estive nem com um nem com outro [Youssef e Argôlo]. Nem os conheço pessoalmente”, ressaltou o diretor da Petrobras.
Cosenza admitiu, no entanto, que se encontrou com seu antecessor na diretoria de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, depois que ele saiu do cargo e já tinha sido denunciado na Operação Lava Jato. “Desde que eu assumi a diretoria da Petrobras eu tive três telefonemas com o senhor Paulo Roberto Costa. E tive dois encontros. Foram esses os contatos: três vezes por telefone e duas vezes pessoal”, disse. Segundo ele, os encontros foram para tratar dos procedimentos na diretoria e questões técnicas, não sobre os fatos denunciados pela polícia.

 

Ele admitiu ainda ter passado por treinamento na empresa antes do depoimento na CPMI. Segundo o diretor da estatal, foi um “treinamento comum para uma apresentação dessa magnitude”, mas que não foi o motivo para o adiamento de seu depoimento. Cosenza deveria ter deposto na comissão na semana passada, mas apresentou um atestado médico alegando problemas cardiológicos.
Ele relatou ainda que antes de assumir a diretoria de Abastecimento já coordenava projetos na diretoria e, por isso, já tinha contato com as empreiteiras citadas nas denúncias, mas negou mais uma vez que tivesse conhecimento de casos de pagamento de propinas por meio dos contratos firmados por elas.
José Carlos Cosenza se comprometeu a enviar, dentro de 15 dias, uma lista para a CPMI, relatando todos os contratos que assinou desde que assumiu a diretoria no lugar de Paulo Roberto Costa. Deverão ser listados os contratos que passaram por licitação e os que tiveram o processo licitatório dispensado, além das empreiteiras com as quais os contratos foram firmados.
Ao fim do depoimento, o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), e os líderes partidários se reuniram e decidiram prorrogar as investigações da comissão até o dia 22 de dezembro. Para isso, eles precisarão recolher as assinaturas de 155 deputados e 27 senadores.
A Petrobrás, por meio da assessoria de imprensa, encaminhou para a Agência Brasil um e-mailesclarecendo que "os contatos do diretor Cosenza com Paulo Roberto Costa, depois que ele saiu da Petrobras, foram muito antes da operação Lava Jato". ABr

Share on Google Plus

About Jornalista Valéria Reis

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário