A campanha de 2014 pode ter aberto definitivamente o caminho para a realização da (tão necessária) reforma política. Esta foi defendida pelos principais candidatos ao longo de meses e citada como prioridade no primeiro discurso de Dilma pós-reeleita. Parece um consenso, mas daqueles brasileiros: na hora de detalhar do que se trata a tal reforma, cada um fala sua língua, vira Torre de Babel. Com a “urgentíssima” reforma tributária dá-se o mesmo fenômeno.
Para o cidadão-eleitor, uma reforma politica que melhore o sistema é o que se espera. Com menos fisiologismo, mais representatividade, a atividade política, enfim, mais próxima à sociedade ou com a habilidade de absorver seus conflitos de forma produtiva.
Há, porém, uma conjuntura nova que pode levar a propalada reforma a ser deslanchada à revelia dos próprios partidos. O Supremo Tribunal Federal (STF) está para concluir uma votação que proibirá a doação de empresas às campanhas eleitorais. Seis ministros já votaram a favor. É possível que a decisão final não demore e já valha para a eleição municipal de 2016. Aprovado o fim do financiamento por parte de empresas, caberia à Câmara Federal reverter a decisão – mobilização para a qual possivelmente não haverá clima no futuro próximo.
Mudando a regra de financiamento aos partidos, muda-se em efeito dominó a dinâmica do jogo. Com menos dinheiro as campanhas terão que reduzir seus custos. Estes, até aqui, bancados em nacos consideráveis por grupos empresariais, como empreiteiras, que tem interesse direto nos assuntos de governo e do legislativo.
Estimativas apontam que, em média, cada campanha de deputado federal custou R$ 3 milhões. Formam-se, assim, as bancadas do agronegócio, dos planos de saúde, dos bancos, de armamentos (bancada da bala) – grupos com interesses específicos e que ganham potência diante da fragmentação do sistema político, lembrando que serão 28 partidos na Câmara a partir de 2015.
A discussão sobre reforma política costuma incluir um rol de temas que vão da diminuição no número de legendas — o que seria obtido com o fim das coligações proporcionais — ao calendário eleitoral, passando pelo financiamento aos partidos. É daquelas que todos dizem apoiar e que nunca sai. Era “essencial” para FHC e Lula, mas estes nunca a fizeram. Se for adiante agora, terá sido um saldo positivo da campanha de 2014, que tanto martelou a idéia de mudanças. De alguma forma já se reconheceu que o nó brasileiro é, sobretudo, político. Agora vai? (yahoo)
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