Dentro da programação sobre os 50 anos do Golpe Militar – Resistência Política e Literatura, a Sala Leste do Santander Cultural recebeu, nesta terça-feira, vítimas do período da ditadura que durou 21 anos no Brasil.
O jornalista e escritor Flávio Tavares e o ex-preso político, Maurici Politi, participaram do debate mediado pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke.
Logo na abertura, Jair pediu que todos fizessem um minuto de silêncio, em pé, para lembrar, neste 4 de novembro, a passagem dos 45 anos do assassinato do líder da Aliança Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella.
Maurici, Flávio e Jair relataram como foram afetados no período de repressão e cerceamento das liberdades civis. Segundo Flávio, o movimento gestado nos quartéis, com apoio do governo norte-americano, deixou marcas profundas no país e na sociedade brasileira.
Autor do livro “Resistência atrás das grades”, o egípcio Maurici Politi, nascido em 1949, emigrou com a família para o Brasil com oito anos de idade. Aos 21 anos, foi preso. O livro nasceu a partir de um diário escrito durante a greve de fome que um grupo de presos políticos fez em São Paulo, em 1972. Maurici ficou 32 dias sem comer, só bebendo água e tomando soro. “Fiquei no Presídio Tiradentes, o mesmo em que atual presidente, Dilma Rousseff, esteve detida. As mulheres ficavam num lugar chamado a Torre das Donzelas”.
Jornalista, escritor e militante da esquerda armada Flávio Tavares foi preso três vezes. Na terceira, em 1969, sofreu tortura física. “Um militar apagou o cigarro no meu, fui chutado por militares ao passar por um corredor polonês e levei choques elétricos”, disse. Durante o encontro, um integrante da plateia teria discutido com o jornalista.
Flávio participou de momentos cruciais do país naqueles anos. O jornalista foi um dos presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano no Brasil Charles Elbrick, que havia sido sequestrado. É autor de vários livros sobre o golpe e divide com o filho, Camilo Tavares, o roteiro e a realização do premiado documentário “O dia que durou 21 anos”.
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