O presidente da República, Michel Temer, fez nesta terça-feira uma defesa de programas sociais mantidos em seu governo e destacou iniciativas tomadas na sua gestão. Ao abordar o Bolsa Família, Temer afirmou que o programa é importante para a população mais pobre.
"Tem gente paupérrima e o Bolsa Família é importante. Mas o Bolsa Família é uma passagem", ponderou o presidente. "Cuidamos no governo de revalorizar o Bolsa Família", acrescentou.
Temer citou ainda o Minha Casa, Minha Vida, voltado para a construção de moradias. "Uma vertente (do programa) é que ele ajuda as pessoas pobres a conseguir o imóvel. Outra vertente, é que movimenta o setor. Isso mobiliza o setor de construção, de materiais de construção, de construção civil em geral", afirmou.
O presidente destacou ainda que, na quarta-feira, 9, o governo planeja lançar o Cartão Reforma. "Ele dará a possibilidade de receber até R$ 5 mil na Caixa para reformar sua casa. Vamos fazer uma experiência com este cartão, que também vai movimentar a construção civil", afirmou Temer.
O presidente citou ainda, em seu discurso, a intenção do governo de promover a regularização fundiária nas cidades. "Muitas pessoas têm casa, mas não têm título. Isso (a regularização) está sendo traçado pelo Ministério das Cidades", citou.
Obras paradas
Temer afirmou que, em reunião ocorrida nessa segunda-feira, com ministros, foi feito um levantamento a respeito de obras paralisadas no País. "Determinei ao Planejamento que checasse as obras que demandam de R$ 500 mil a R$ 1 milhão, para haver a retomada das obras", comentou. "Há 1,6 mil obras paralisadas. Isso vai significar ao Estado a recuperação de cerca de 45 mil empregos. É pouco, mas é algo que movimenta a economia brasileira", disse Temer.
Previdência
O presidente afirmou ainda que o governo mandará ao Congresso a reforma da Previdência Social. "Os Estados estão praticamente quebrados, fruto da Previdência Social. A reforma interessa à União, aos Estados e aos municípios", disse.
Temer defendeu ainda que a Reforma da Previdência é "quase uma consequência do teto". A referência foi feita à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos federais e que está em tramitação no Senado. "Se não tomarmos cuidado teremos déficit a 100% do PIB, o que vai ser um desastre", alertou Temer.
Em outro momento, Temer defendeu a parceria entre poder público e setor privado. "Sabemos que o Poder Público não pode fazer tudo sozinho. Usamos o diálogo para convencer. Podemos juntos vencer esta crise que tomou conta do País. Não vamos esconder a crise gravíssima que estamos vivendo", disse o presidente.
Grau de investimento
O presidente da República destacou também que a retomada da confiança na economia já se reflete em alta significativa na Bovespa e afirmou que o Brasil pode recuperar em breve o grau de investimento. Salientou a recuperação do valor de mercado da Petrobras e do Banco do Brasil, além de outras empresas privadas listadas na Bolsa de Valores.
Temer também citou que há uma previsão de safra "extraordinária" para o agronegócio brasileiro em 2017. "Isso pode fazer o Brasil voltar a ter grau de investimento", projetou, citando a melhora a nota de risco do País nos últimos meses. "Eu estou falando de seis, de quatro meses", detalhou.
"Algumas ações subiram mais de 200%. então esse clima de confiança vem repercutindo positivamente", afirmou. Segundo ele, a BM&F Bovespa teve alta de 50% nos últimos meses e ainda não chegou ao seu patamar mais expressivo. "Está para sair 70 empresas que pretendem colocar ações no mercado, talvez 25 já no ano que vem", completou.
Confiança
Para o presidente, grande problema do Brasil é o problema da confiança, mas citou que te trabalhado para trazer a iniciativa privada pra dentro do governo, por meio das concessões.
"A confiança é fundamental porque gera até um fenômeno psicológico, enquanto a instabilidade gera dúvida no investidor. Mas não importa o que aconteça, porque o País é uma instituição. Se nós todos trabalharmos pelo País, ele ganha mais musculatura e mais força e segue adiante", avaliou.
Temer disse que os temas do seu governo são diálogo e reformas e que é necessário "reformar para crescer". "Essa é a ideia." O presidente citou ainda o acordo de repactuação trabalhista e disse que o Supremo Tribunal Federal tem dado decisões favoráveis à tese de que o acordado pode ficar acima do legislado. "Quando há desarmonia entre poderes há uma inconstitucionalidade", comentou.
Por mais de uma vez, o presidente disse que o governo precisa do apoio da iniciativa privada. "Com essa visão e essas ideias, e com o pleito de que devemos trabalhar juntos, é que venceremos os dramas verdadeiros", disse.
Ao lembrar que está há cinco meses no poder e que teve sua passagem como interino, Temer disse ainda que não é possível corrigir todos os problemas no curto prazo. "As pessoas querem que o novo governo assuma que dois meses depois o céu esteja azul, mas a retomada é paulatina, lenta", afirmou.
Por fim, ao afirmar que tem a "esperança" de que no segundo semestre de 2017 o PIB não seja negativo e haja a retomada do emprego, Temer brincou com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e disse que se o resultado não for alcançado "podem cobrar do Meirelles".
Michel Temer participou da abertura do seminário Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo jornal Valor Econômico, em Brasília. O evento também conta com a participação do ministro da Fazenda. (Estadão)Foto: AFP
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