O anexo da delação de Cláudio Melo Filho traz menções, em 82 páginas, a ministros de Estado e parlamentares. No total, pelo menos 51 políticos são citados pelo executivo, que é ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht em Brasília. Na lista de nomes mencionados, além do presidente da República, Michel Temer, e dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (Dem-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), o executivo cita três ministros de Estado, um secretário do núcleo duro do governo, ao menos sete ex-ministros, além de senadores, deputados, ex-parlamentares e assessores.
Todos os pagamentos citados na delação contabilizam mais de R$ 75 milhões em repasses para agentes políticos. Há relatos de doação oficial para campanha política e outros pagamentos não contabilizados perante a Justiça Eleitoral. Na delação, o executivo detalha pagamentos feitos a partir do Setor de Operações Estruturadas da Empresa, conhecido como departamento de propina.
"O propósito da empresa, assim, era manter uma relação frequente de concessões financeiras e pedidos de apoio com esses políticos, em típica situação de privatização indevida de agentes políticos em favor de interesses empresariais nem sempre republicanos”, afirma o ex-executivo no anexo entregue ao Ministério Público Federal.
O ex-executivo relata pagamentos a parlamentares para aprovação de medidas provisórios e projetos de lei principalmente de temas tributários. Nesse contexto, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) era considerado o patrocinador da agenda legislativa da Odebrecht no Congresso. O delator relaciona ao menos 14 projetos e medidas provisórias de interesse da empresa que foram objeto de discussão com o parlamentar e eventual repasse financeiro para atender interesses da empresa.
Apelidos e valores:
• Michel Temer – R$ 10 milhões.
• “Caju”: senador Romero Jucá (PMDB-RR), R$ 22 milhões.
• “Justiça”: senador Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu parte dos R$ 22 milhões
• “Índio”: senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), também teria se beneficiado com o valor.
• “Primo”: ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS), teria centralizado arrecadações para Temer.
• “Las Vegas”: Anderson Dornelles (ex-assessor de Dilma) – R$ 350 mil.
• “Angorá”: secretário Moreira Franco – recursos para Temer
• “Caranguejo”: ex-deputado Eduardo Cunha – R$ 7 milhões.
• “Cerrado/Piqui”: senador Ciro Nogueira (PP-PI) – R$ 5 milhões para campanhas do PP.
• “Polo”: ex-ministro Jaques Wagner – R$ 9,5 milhões.
• “Gremista”: deputado Marco Maia (PT-RS) – R$ 1,3 milhão.
• “Babel”: ex-ministro Geddel Vieira Lima – R$ 1,5 milhão.
• “Bitelo”: deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) – R$ 1,5 milhão.
• “Campari”: ex-senador Gim Argello – R$ 1,5 milhão.
• “Gripado”: senador José Agripino (Dem-RN) - R$ 1 milhão solicitado por Aécio Neves.
• “Botafogo”: deputado Rodrigo Maia (Dem-RJ) – R$ 100 mil,
• “Misericórdia”: deputado Antônio Brito (PSD-BA) – R$ 430 mil.
• “Ferrari”: ex-senador Delcídio do Amaral – R$ 550 mil.
• “Corredor”: prefeito de Ribeirão Preto Duarte Nogueira (PSDB) – R$ 600 mil.
• “Todo Feio”: Inaldo Leitão (PP-PB) – R$ 100 mil.
• “Jovem”: deputado estadual Adolfo Viana (PMDB-BA) – R$ 50 mil.
• “Feia”: senadora Lídice da Mata (PSB-BA) – R$ 200 mil.
• “Comuna”: deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), R$ 100 mil.
• “Goleiro”: Paulo Magalhães Júnior – R$ 50 mil.
• “Diplomata”: Hugo Napoleão – R$ 100 mil.
• “Moleza”: Jutahy Magalhães – R$ 350 mil.
• “Velhinho”: Francisco Dornelles (PP), vice-governador do Rio de Janeiro – R$ 200 mil.
• Carlinhos Almeida – R$ 50 mil
• João Almeida – R$ 500 mil
• Rui Costa (PT), governador da Bahia – R$ 10 milhões.
• Paulo Skaf (PMDB), presidente da FIESP – teria se beneficiado com R$ 6 milhões da verba acertada com Teme
Aécio teria recebido R$ 15 milhões
O cruzamento das informações da proposta de delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho com as planilhas angariadas pela Operação Lava Jato na investigação contra a empresa sugerem pagamento de R$ 15 milhões para o senador Aécio Neves (PSDB) e ao menos R$ 2,5 milhões para o ministro de Ciências, Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP).
De acordo com o anexo encaminhado pelo ex-executivo à Procuradoria-Geral da República, Aécio seria identificado no sistema interno de pagamentos indevidos como “Mineirinho” e Kassab como “Kafta”.
De acordo com as planilhas da Odebrecht, “Mineirinho” recebeu os R$ 15 milhões entre 7 de outubro e 23 de dezembro de 2014. A entrega teria sido feita em Belo Horizonte. (Correio do Povo) Foto: FotoFrame/Folhapress
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