Divisão interna entre advogados de Lula deixa dirigentes petistas em alerta

A divisão interna entre os advogados que compõem a equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em alerta a direção do PT. Integrantes da cúpula petista temem a saída do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) da equipe depois de desentendimentos com o advogado Cristiano Zanin Martins.
A coluna Painel revelou e o Estado confirmou que Pertence quer conversar com Lula pessoalmente antes de decidir se continua ou não na defesa do petista.
Pertence teria se sentido desautorizado por Zanin e pelo próprio Lula no caso do pedido de prisão domiciliar para o ex-presidente feito ao STF. Segundo petistas que acompanham o caso de perto, Pertence fez o pedido sem consultar o restante da equipe, o que enfureceu Zanin por contrariar a estratégia política/jurídica de Lula de não aceitar decisão que não seja pela sua plena inocência.
A reação de Zanin piorou o clima. Conforme fontes jurídicas, Pertence ficou irritado com a publicação de notas nas quais era desautorizado pelo advogado.
Durante a semana uma série de bombeiros entrou em cena para apagar o incêndio e a situação parecia sob controle até quarta-feira, quando Zanin apresentou uma reclamação ao STF sem a assinatura de Pertence. De acordo com estas fontes, os dois não estão se falando.
A advogada Valeska Teixeira Martins, sócia e esposa de Zanin, negou que haja crise na defesa de Lula.
“Todos nós admiramos muito o ministro Sepúlveda Pertence. Da nossa parte não há nenhum mal estar”, disse ela.
A divisão entre os advogados chegou à cúpula petista que, na segunda-feira, questionou Zanin sobre o episódio. Dirigentes petistas estão ouvindo outros advogados para chegar à uma conclusão sobre quem tem razão no episódio.
A falta de acesso direto a Lula, preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, dificulta a apuração. Alguns petistas questionam o que chamam de “monopólio” de Zanin em relação ao ex-presidente. Na quinta-feira passada o pastor Ariovaldo Ramos visitou Lula na prisão e na saída disse que o petista “não quer indulto nem prisão domiciliar”.
O principal temor dos petistas é que as divergências entre os advogados prejudique a defesa de Lula justamente no momento em que o STF pode julgar os recursos que pedem a libertação do ex-presidente.
(Estadão) Foto: André Dusek/Estadão
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