Los siete gatitos – UruguaiNelson Rodrigues é considerado por muitos o pai do moderno teatro brasileiro. O homem e seus instintos mais primitivos, suas paixões incontroláveis que invariavelmente levam à grandes tragédias familiares, está sempre presente em sua vasta, contundente e polêmica obra. Na montagem uruguaia de Os sete gatinhos, dirigida por Sergio Lazzo, não poderia ser diferente. Grotesco, agressivo e especialmente trágico, este texto coloca em cena uma família de classe média baixa que projeta em sua filha caçula todas as esperanças de salvação. Escrita há mais de 50 anos, a peça, sob a direção de Lazzo, conserva a vitalidade trazendo para a cena um Nelson Rodrigues em estado puro. O elenco mereceu elogios da crítica uruguaia em temporada de sucesso nos palcos daquele país. Luisa de estrella contra su casa – ArgentinaO diretor Ariel Farace construiu neste espetáculo um impecável retrato da solidão. Usa aqui o cotidiano repetitivo e metódico como forma de evasão, como instrumento para escapar da dor. Luisa perdeu há pouco seu parceiro em um acidente de trânsito e vive só, trancada em sua casa. O rádio e o supermercado são os subterfúgios que a mantém conectada ao mundo real. Farace abre diante da platéia o vulnerável mundo de Luisa e conduz o público por uma viagem poética, sem efeitos, sem recursos técnicos, apenas com o relato da protagonista que desvenda uma imensa beleza em meio à tristeza em que se encontra. O elenco conduz com fluidez a cena, colocando, cada qual em seu pequeno mundo, um valor dramático especial. Neva – ChilePrimeira produção do grupo Teatro en el Blanco, Neva circulou em temporada por diversos países e conquistou importantes prêmios no Chile. A história se passa em San Peterbusgo de 1905 e é livremente inspirada no histórico massacre nas ruas da cidade que ficou conhecido como Domingo Sangrento. Enquanto as tropas reprimem operários que se manifestam por melhores condições de vida, duas atrizes e um ator ensaiam uma peça diante do rio Neva. Uma delas é Olga Knipper, viúva do consagrado Anton Tchekov, que se sente culpada por se dedicar ao teatro em Moscou enquanto o marido definha em sanatório na Alemanha. Ao mesmo tempo, Olga age com arrogância e desprezo pelos colegas de palco. Misturando personagens e casos reais e fictícios, situações cômicas e dramáticas, o espetáculo propõe uma reflexão sobre a repressão, o teatro, os atores e suas limitações diante da morte.Criado em 2004, no Chile, por quatro experientes atores, o Teatro en el Blanco gera seus próprios recursos, o que lhe garante liberdade política e estética. O grupo começou experimentando linguagens, exercício que deu as bases para diretrizes do que definem como poética teatral: criar textos próprios buscando novos pontos de vista sobre a dramaturgia; abordar temáticas políticas e sociais que devolvam ao artista seu papel social; e usar recursos mínimos visando buscar na simplicidade novos potenciais criativos, entre outros pontos. Poa-Montevideo – Sin FronterasEspetáculo musical com Daniel Drexler, Ana Prada, Marcelo Delacroix e Vitor Ramil, especialmente produzido para esta edição do festival, o show integra as duas capitais – Montevidéu, do Uruguai e Porto Alegre, do Rio Grande do Sul. A idéia é eliminar as fronteiras que nos separam e mostrar as afinidades entre as produções artísticas das duas cidades. Quartett - FrançaA elogiada montagem de Quartett, do Théâtre de l´Odeon, de Paris, chega finalmente ao Brasil, com a grande atriz Isabelle Huppert dirigida pelo igualmente brilhante encenador Bob Wilson. Uma das estrelas do festival, Quartett é uma adaptação do dramaturgo alemão Heiner Müller ao romance epistolar de Choderlos de Laclos, As relações perigosas. O autor afirma que a peça Quartett é uma verdadeira comédia, um jogo sexual que mergulha de forma cínica na luta de classes, apresentando dois personagens ambíguos e intrigantes da aristocracia francesa: Merteuil e Valmont. A ação dramática oscila entre um salão durante a época da Revolução Francesa e um Bunker após a 3ª Guerra Mundial, onde os personagens desdobram-se em quatro ou mais, trocando de identidade e sexo numa brincadeira sem avisos, com sugestões cênicas de forte cunho surrealista. O dramaturgo texano Robert Wilson, também conhecido por Bob Wilson, trabalhou também como coreógrafo, iluminador e sonoplasta. É conhecido por seus trabalhos em colaboração com Philip Glass em "Einstein on the Beach" assim como com o poeta Allen Ginsberg e os músicos Tom Waits e David Byrne. Suas peças são reverenciadas em palcos do mundo inteiro como experiências inovadoras e de vanguarda. Esta é a primeira vez que uma encenação de Bob Wilson se apresenta em Porto Alegre. Imperdível! Simplemente el fin del mundo – ColômbiaDepois de muitos anos de ausência, Luis está de volta para anunciar à família sua morte próxima, acertar contas e retomar assuntos pendentes antes de desaparecer. Muitas frustrações, mal entendidos e rancores surgiram durante sua ausência interrompida, apenas, por alguns parcos cartões postais. Baseado na obra do francês Jean-Luc Lagarce, o espetáculo colombiano tem direção de Manuel Enrique Orjuela Cortés. Sem demasiadas concessões ao público, o diretor coloca em cena o ajuste de contas de cinco pessoas em diálogos frenéticos, compulsivos, com humor ácido e agressiva nostalgia. Essas características vêm do texto de Lagarce, comparado a outros autores contemporâneos como Bernard-Marie Koltès e Hervé Guibert, instigadores de novas formas de literatura e dramaturgia. Um espetáculo que tem percorrido os principais festivais do mundo, recolhendo em todos eles unânimes elogios pela contundência e rigor. Ruas – show de Mísia – PortugalA cantora Mísia, uma das mais importantes fadistas portuguesas surgidas na última década, traz na bagagem um belo trabalho para apresentar ao público gaúcho. O show Ruas, baseado no álbum homônimo, apresenta dois momentos distintos, ambos líricos e poéticos. No primeiro, Mísia canta o imaginário de Lisboa e as saudades da cidade vista de longe. As canções foram compostas por renomados músicos no período em que a cantora morou em Paris, especialmente para ela cantar. O segundo momento traz canções de artistas que tiveram, de alguma forma, uma relação trágica com a música ou a vida, como Cameron de La Isla, Joy Division, Nine Inch Nails, Chico Buarque e Dalida, entre outros. A cantora, empolgada com a repercussão mundial de seu trabalho, afirma que “todo ele é um sonho”. E para deleite do público, a apresentação de Ruas no festival traz a participação super especial de Adriana Calcanhotto Tercer cuerpo – ArgentinaCinco vidas. Cinco desejos de amar. Cinco pessoas incapazes. No palco, ambientado com móveis, estantes, arquivos e carpetes típicos de velhos escritórios, os últimos ocupantes de uma repartição pública, esquecidos num prédio do governo, persistem - e subsistem -, na busca de um sentido. O homem comum que vive de maneira absurdamente monótona e repetitiva, sua vida de funcionário público, seus sonhos desfeitos, seus anseios, são retratados aqui com melancolia mas também com humor. A pergunta que não quer calar é onde foram parar os áureos tempos, aqueles que não voltam mais? Dirigida por Cláudio Tolcachir e produzida pelo Teatro Timbre 4 em parceria com o Festival Internacional de Teatro Santiago a Mil, a peça participou de importantes festivais internacionais de teatro, entre eles, os festivais da Bolívia e do Chile. The Voca People – IsraelUm fenômeno que surgiu a partir de vídeos divulgados na internet ecoa nos quatro cantos do mundo. The Voca People, grupo israelense de enorme sucesso, foi especialmente convidado - e aceitou - vir ao Brasil participar do Porto Alegre em Cena. Os artistas se auto-intitulam oito aliens, amigos do Planeta Voca – um mundo onde a comunicação é feita apenas por expressões vocais -, que ao longo dos anos ouviram a música da Terra e agora querem por em prática a habilidade que desenvolveram: a de imitar sons. Assim, sem instrumentos ou qualquer outro recurso além de suas figuras impressionantes, unem com maestria teatro, música e performances em um show incrível. Cantorias à capela, coreografias e o moderno beat-box – sons produzidos com a boca imitando instrumentos musicais -, surpreendem as platéias em um show muito bem humorado. Mais uma atração onde o adjetivo imperdível não é exagero! Van Gogh – UruguaiEm meio a um cenário minimalista, Van Gogh está só com sua arte e suas atribulações. São seus últimos dias de vida e seu olhar expressa a dor de uma alma torturada e incompreendida. Profundos e desesperados, os olhos do ator miram o espectador com a angústia indispensável que marca a criação do artista. O reconhecido ator Fernando Dianesi vive com maestria o Van Gogh de Ernesto Clavijo, baseado na obra de Ever Blanchet que, por sua vez, teve inspiração nas Cartas a Theo, escritas pelo próprio artista a seu irmão. Nelas Van Gogh expõe toda sua angústia e sua luta por encontrar-se a si mesmo. Elogiada pelo público - que lotou as apresentações - e pela crítica especializada, a peça mereceu o prêmio do Programa A Cena, do Ministério da Educação e Cultura. Foto do espetáculo Crepuscule des Oceans - Foto: Divulgação
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