Após uma série de desentendimentos públicos e sérios durante o
julgamento do mensalão, os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo
Lewandowski assumirão na quinta-feira respectivamente a presidência e a
vice-presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Lewandowski garantiu
nesta terça-feira que terá uma atuação "low profile", "a la José
Alencar (o vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva)".
"Eu
vou substituir o ministro Joaquim nos momentos que se fizerem
necessários. Vou ter um protagonismo mínimo, low profile", assegurou.
"Eu não vou sugerir absolutamente nada. Eu vou ficar bem quietinho na
vice, bem vice, vou ser tipo assim, um vice José Alencar", afirmou. "Sou
um coadjuvante."
Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski são
ex-amigos. Atualmente a relação entre os dois é meramente protocolar. O
principal motivo para o estremecimento foram as discordâncias entre os
dois em relação ao julgamento do mensalão. Relator, Barbosa votou pela
condenação da maioria dos réus, inclusive do ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu. Como revisor, Lewandowski posicionou-se em vários pontos
contra o colega e defendeu a absolvição de Dirceu. Ao final, prevaleceu a
opinião de Barbosa e o ex-ministro da Casa Civil foi condenado a 10
anos e 10 meses de prisão.
É provável que Lewandowski tenha
de assumir várias vezes a presidência do STF. Alegando ter problemas no
quadril há anos, Joaquim afasta-se frequentemente do tribunal para se
submeter a tratamentos. O último, na Alemanha, ocorreu em outubro e
paralisou o julgamento do mensalão por mais de uma semana.
Lewandowski
também poderá ter de assumir interinamente o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), órgão que exerce o controle externo do Judiciário e é
dirigido pelo presidente do STF. "As sessões (do CNJ) são o dia inteiro.
Vocês podem tirar as conclusões. Não sei se (Joaquim Barbosa) terá
condições de aguentar o dia inteiro. Aí terei que estar preparado para
substituir. O problema é que vice não tem staff, equipe, só tem um
assessor a mais", afirmou ao ser indagado por jornalistas sobre a
eventual atuação no CNJ.
O futuro vice do STF disse que as
equipes dele e Joaquim Barbosa estão conversando sobre as eventuais
ausências. "Estamos acertando as datas, vendo conveniências (no plantão
durante o período de recesso). É praxe essa conversa", afirmou.
Lewandowski
minimizou as divergências com o colega. "Eu acho que as divergências
são sempre em torno de temas pontuais ou jurídicos. Quando se trata da
instituição, os integrantes se unem pela instituição. Desavenças e
divergências pessoais são circunscritas ao julgamento. Mesmo no lanche,
nos cumprimentamos, sentamos juntos", disse.AE
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