O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira
seus adversários, afirmou que eles têm "bronca" dele e da presidente
Dilma Rousseff e avaliou que a oposição e os formadores de opinião
pública nunca quiseram a eleição dos dois. "Essa gente nunca quis que eu
e a Dilma ganhássemos as eleições, que a gente fosse progressista",
disse o ex-presidente, durante evento em comemoração aos 30 anos da
Central Única dos Trabalhadores (CUT). "A bronca que eles tinham de mim
era (em relação ao) meu sucesso e agora é o sucesso da Dilma."
Lula se comparou ainda ao ex-presidente norte-americano Abraham
Lincoln em relação, segundo ele, aos ataques sofridos na imprensa. "Eu
fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860,
igualzinho batem em mim. E o coitado não tinha nem computador. Ia para o
telex ficar esperando", disse Lula, contando que está lendo a biografia
do ex-presidente dos Estados Unidos. "Hoje a resposta é em tempo real.
Eu quero parar de reclamar dos que não gostam de mim e não dão espaço.
Eu não convido eles para minha festa e não sou convidado", resumiu.
Para Lula, os adversários e "os formadores de opinião pública" foram
os últimos a aderir, na década de 80, ao movimento pelas eleições
diretas para presidente e, na década seguinte, à campanha pelo
impeachment do então presidente Fernando Collor, hoje senador.
"É preciso reconhecer que o País mudou muito, inclusive na questão da
comunicação. Nos anos 80, qualquer imbecil se achava formador de
opinião pública", disse. "Nesse País, formadores de opinião pública eram
contra a campanha das diretas, contra a derrubada do Collor", criticou.
O ex-presidente reclamou ainda da falta de espaço para o movimento
sindical na imprensa e cobrou um mapeamento de toda a mídia do setor
para que esse segmento se organize. "É uma arma poderosa, mas totalmente
desorganizada. Por que a gente não organiza a nossa mídia, dá
formatação, um pensamento coletivo, mais unitário?", indagou.
Lula pediu uma mudança de postura da CUT, cobrou que a central
sindical e seus dirigentes saiam às ruas, deixem os prédios e viajem
mais pelo País. Recomendou ainda que conversem mais com a presidente
Dilma "porque mulher sempre trata melhor que o homem". Após
manifestações da plateia sobre a fama de rígida da presidente, Lula
emendou: "Mesmo quando a mulher é mais dura, é mais flexível que o
homem."
Na saída do evento, Lula disse, em uma rápida conversa com
jornalistas, que apoia a marcha dos trabalhadores a ser realizada em 6
de março. "Todas as reivindicações são justas. Agora, só precisa saber
se o governo tem condições de atender", comentou.AE/Foto: Estadão
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