Senadores do PMDB aproveitaram a primeira sessão, após o retorno do
recesso parlamentar, para discursar fazendo duras críticas ao modelo de
gestão pública do governo federal. A Executiva Nacional do partido
aprovara, no início de julho, um documento em que pede a redução de
ministérios.
Hoje (1º), o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO),
disse que a reforma política passa também por uma “reforma
administrativa” e que o atual presidencialismo de coalizão é o
responsável pelo número excessivo de ministérios e cargos de primeiro
escalão.
“Impõe-se a revisão da enorme quantidade de ministérios no nosso
país, criados sem outra finalidade que não seja a de contemplar os
acordos costurados sob a égide do chamado presidencialismo de coalizão”,
disse Raupp.
O presidente do PMDB também declarou que os ministérios excedentes
geram desperdício de dinheiro público e dificuldade de justificar os
cargos relacionados a eles. “Constata-se a profusão de órgãos de
primeiro escalão, cujas competências e atribuições beiram a
incompreensão, sem qualquer avaliação de eficiência e produtividade.
Para muitos, é incompreensível que um país em que as baixas taxas de
investimentos constituem um dos gargalos do desenvolvimento econômico
despenda os preciosos recursos públicos em despesas inúteis de custeio
da máquina estatal”, declarou o senador.
Pouco antes de Raupp, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) subira à
tribuna para também pedir a redução no número de ministérios. Farraço
disse que eles servem para perpetuar a cultura do “apadrinhamento”. Em
seguida, o senador defendeu que o próprio PMDB entregue os cargos que
tem no governo para dar o exemplo e o “primeiro passo”.
“A nossa aliança não pode se dar por interesses secundários, por
interesses acessórios. A nossa aliança tem que se dar por identidade de
propósitos, de objetivos, na linha de construirmos um Estado brasileiro
que ofereça respostas à população brasileira”, defendeu Ferraço.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) também fez discurso no qual pediu
ao partido que faça uma revisão de sua aliança com o PT e de sua
posição no governo. O senador, que tem se autoproclamado um
independente, disse que não propõe um rompimento, mas uma mudança de
postura para que o PMDB assuma posição mais ativa no governo. Ele
lembrou que o partido não foi ouvido antes que o governo anunciasse as
medidas em resposta às manifestações de rua de junho, e disse que isso
foi “constrangedor”. “Em qualquer outro país, por menor, pobre ou
insignificante que seja, em qualquer outro país, o maior partido
nacional tem o papel de protagonista. Menos entre nós”, ressaltou.
A ideia de reduzir ministérios, no entanto, vem sendo rechaçada pelo governo. A ministra de Relações Institucionais, Ideli
Salvatti, disse não "vislumbrar nenhuma modificação na estrutura de
governo feita pela presidenta Dilma Rousseff". Na ocasião, a ministra
lembrou que o PMDB ocupa seis ministérios no governo e declarou que iria
procurar o partido para entender no que consiste a proposta de redução
de pastas. ABr
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