Senador boliviano adia ida à Câmara dos Deputados por "fatores conjunturais"

O senador boliviano Roger Pinto Molina decidiu não comparecer à audiência pública em que seria ouvido pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. O advogado Fernando Tibúrcio, que defende Molina no Brasil, disse que "fatores de ordem conjuntural" levaram o senador a adiar a ida à comissão. Nota lida por Tibúrcio diz que esses fatores serão oportunamente esclarecidos e que Molina tem "profundo respeito" pelos parlamentares brasileiros e está à disposição do Congresso Nacional.
Molina, que já havia cancelado depoimento na Comissão de Relações Exteriores do Senado, está no Brasil há pouco mais de uma semana. Asilado há cerca de um ano e meio na Embaixada do Brasil em La Paz, ele deixou a Bolívia sem salvo-conduto, em uma operação organizada pelo encarregado de negócios Eduardo Saboia, que acabou desencadeando uma crise diplomática. Como resultado, o então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Por orientação do advogado, o senador passou os últimos dois dias em uma fazenda no interior de Goiás para evitar a politização do caso. Tibúrcio informou que, nos próximos dias, dará entrevista coletiva sobre o caso na Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Distrito Federal ou de Goiás.
O presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, Otávio Leite (PSDB-RJ), acatou o adiamento e disse que Molina poderá falar aos deputados "quando for de sua conveniência". Leite ressaltou que o senador boliviano está sob pressão e abalado. "Tive oportunidade de estar, até bem pouco tempo, com o senador Molina. Ele continua muito abalado, muito preocupado e querendo que o caso dele seja examinado em definitivo pelo governo brasileiro."
Otávio Leite informou que também convidou o diplomata Eduardo Sabóia para falar aos deputados. "[Ele] agradeceu muito e aguarda o momento oportuno", disse o parlamentar. Para ele, a vida do senador Roger Pinto Molina, que faz oposição ao presidente Evo Morales, estará em risco caso ele seja extraditado para a Bolívia. De acordo com Otávio Leite, a Comissão de Segurança quer ouvir Molina sobre questões ligadas narcotráfico.
Em entrevista hoje no Senado, o deputado boliviano Adrian Oliva pediu que o Brasil e a Bolívia trabalhem para restabelecer as boas relações diplomáticas, abaladas desde a chegada de Roger Pinto Molina ao país. Oliva disse que os países não devem colocar ideologias ou interesses pessoais à frente da agenda bilateral. Ele é o atual líder da oposição no Legislativo boliviano, posto antes ocupado por Molina.
"[O senador] Pinto Molina tem de seguir com os trâmites no Brasil para manter sua situação de refugiado. Superado o impasse, as boas relações entre Bolívia e Brasil poderão ser retomadas", afirmou Oliva. O deputado lembrou que o Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia. Os países têm cerca de 3 quilômetros de fronteira em comum. ABr
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